Pouco mais de um mês após a flexibilização das atividades econômicas, em Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas Gerais, o Comitê de Enfrentamento à COVID-19 deverá colocar em votação a retomada total do comércio. Os integrantes estão se concentrando na elaboração da matriz de planejamento, isso é, uma forma de orientação e conduta para decisões de abertura baseada nas regras sanitárias.
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Vereador quer tornar celebrações religiosas como 'essenciais' em DivinópolisComércio de Divinópolis adota novo horário para desafogar transporte coletivoDivinópolis adota ensino a distância na rede municipalCarmo do Cajuru registra terceira morte por COVID-19Os votos serão determinantes nas possíveis alterações, definindo se as alternativas propostas não colocam em risco a saúde e a qualidade de vida dos cidadãos. A ideia é que a nova matriz intensifique a precisão das decisões do Comitê e, consequentemente, torne tais medidas mais eficazes no controle da pandemia.
"Entre os inúmeros pontos positivos, podemos destacar que uma votação torna as decisões mais diretas. Assim, podemos garantir certa agilidade nas possíveis mudanças no âmbito comercial", afirmou o secretário municipal de Saúde, Amarildo de Sousa.
Após as regras definidas, serão elaborados decretos regulamentando as decisões.
Sem participação
O comitê é formado basicamente por especialistas na área da saúde. As entidades de classe têm criticado a postura do governo municipal por excluí-las das discussões. “As informações que recebemos são apenas as divulgadas pela imprensa”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Luiz Ângelo Gonçalves.
Elas desconhecem qualquer planejamento ou previsão para normalização das atividades.
A elaboração da matriz só foi iniciada após o Ministério Público (MP) solicitar que o município fizesse o planejamento de retomada das atividades econômicas.
A expectativa é que sejam contemplados shoppings, escolas de cursos profissionalizantes, bares e restaurantes, por exemplo, que estão com restrições desde o final de março.
"Tem setores como esses que estão há mais de 70 dias fechados, e é urgentíssimo a reabertura para a sobrevivência, pois não há capital de giro para mantê-los fechados por tanto tempo”, destacou o presidente da entidade.
Parte das empresas, segundo Gonçalves, concedeu, no primeiro momento, férias para os funcionários. “Depois adotaram a suspensão temporária de trabalho por 60 dias. Já está terminando esse prazo para algumas, e as empresas voltarão a arcar com a folha”, explica.
Mesmo que com restrições e adaptações, o presidente da CDL trata como urgente a normalização. Ele ainda defende o fim do escalonamento do comércio. “Normalmente uma empresa comercial atinge o ponto de equilíbrio no dia 25, 26 de cada mês, quando consegue pagar todas as despesas. Funcionando em dias alternados, ela tem 13 dias uteis, é muito difícil alcançar o ponto de equilíbrio para pagar as contas”, afirma.
Com o Dia dos Namorados se aproximando, a expectativa é que a normalização ocorra antes da data. “Floricultura, chocolate, joalheria. Para alguns o Dia dos Namorados é a segunda data, ficando até próximo à do Natal. Essa restrição pode gerar um impacto para o ano todo”, argumenta.
Pesquisa encomendada pela CDL mostrou que 56,5% dos comerciantes discorda da alteração do horário de funcionamento do comércio, enquanto um quarto deles não julga ter sido uma ação acertada, porém compreendem que a situação assim exige.
Exatamente metade dos empresários considera que a situação está ruim e, a continuar assim, correm o risco de fechar. Para 52,4%, é necessário retornar à normalidade de funcionamento imediatamente. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Censuk e ouviu 168 pessoas.
*Amanda Quintiliano especial para o EM