Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, os óbitos por COVID-19 crescem acima da média estadual após 15 dias de adesão ao Minas Consciente, programa que protocola a reabertura parcial do comércio.
Atualmente, a cidade tem 30 mortes confirmadas, ficando atrás apenas da capital Belo Horizonte que apresenta 51 mortes. Porém, no levantamento de casos confirmados, Juiz de Fora (618) é a 3ª no ranking - que aponta liderança da capital mineira (1.912), seguida por Uberlândia (901), localizada no Triângulo Mineiro.
“Onda Verde”
Em 16 de maio, por meio de decreto, a Prefeitura de Juiz de Fora aderiu à “Onda Verde” , do programa Minas Consciente, lançado pelo governo estadual - que flexibiliza o funcionamento de atividades consideradas essenciais nos setores de agropecuária; alimento; banco e seguro; cadeia produtiva; construção civil; fábrica e siderurgia; saúde; telecomunicação; transporte e tratamento de água.
O resultado de avaliação da flexibilização vai acontecer a cada 21 dias. Para as atividades liberadas é obrigatório seguir os procedimentos de desinfecção, bem como o uso de equipamentos de proteção individual.
Além de supermercados – que já estavam liberados -, a Onda Verde libera o funcionamento do comércio varejista de laticínios, doces e balas. Também foram liberados bares, lanchonetes e restaurantes que devem dar preferência ao delivery ou retirada no balcão. Caso o estabelecimento forneça consumo no local, o mesmo tem limite de funcionamento até às 19h.
Em pronunciamento nas redes sociais nesta segunda-feira, 1º de junho, o prefeito de Juiz de Fora Antônio Almas ressalta que é importante a retomada das atividades comerciais, porém, o chefe do Executivo afirma que depende dos parâmetros sanitários para avançar uma onda ou retornar uma etapa.
"Todos nós queremos o retorno total do comércio, mas estamos preocupados em preservar vidas. Não é concebível, no ambiente de propagação, que numa semana acumulemos 553 casos suspeitos. Então, ainda estamos num processo alto de casos em Juiz de Fora”, alerta o prefeito que também é médico.
Saúde
Conforme informações da Prefeitura, Juiz de Fora tem 109 pacientes hospitalizados por COVID-19; sendo 54 desses em leitos de UTI. Ao incluir rede privada e SUS, a cidade tem 258 leitos de UTI com taxa de ocupação em 65,50% no total. Já o índice de isolamento social apresenta média semanal de 53,1%.
De acordo com secretário adjunto da Saúde, Clorivaldo Rocha Corrêa, não houve piora nos indicadores nas duas semanas após adesão ao Minas Consciente. Para ele, a taxa diária proporcional de crescimento de casos é a mesma verificada antes da adesão ao programa do estado - quando o isolamento social foi determinado por decreto municipal. “A curva continua em ascensão, claro, estamos numa pandemia, mas o que importa é a estabilidade”, esclarece.
Economia
Na opinião de Marcos Tadeu Andrade Casarin, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL/MG), a prefeitura não deveria ter entrado no programa Minas Consciente. Pois assim, o município teria mais liberdade nas decisões de flexibilização do comércio, sem depender dos protocolos do estado.
Marcos Casarin ressalta que a CDL tem cerca de 1.400 empresas filiadas e que, no momento, o empresariado está agonizando. “O Minas Consciente veio tarde para Juiz de Fora, ou seja, a adesão veio depois de quase 40 dias em que o comércio já estava fechado. Sem contar a mudança de onda que é avaliada a cada 21 dias. Então, estamos praticamente 70 dias com portas fechadas e, só semana que vem saberemos se vamos avançar para onda branca - que representa cerca de 10% do comércio apenas. Qual empresa sobrevive a quatro meses sem faturamento”, reclama o presidente da CDL/MG.
Ainda segundo Marcos Casarin, o setor mais atingido no município é o turismo.
Conforme pesquisa coordenada pelo professor Marcelo Carmo Rodrigues, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a maioria dos turistas vem a Juiz de Fora a negócios (53,5%); enquanto 16,2% visitam a cidade para encontros familiares; para eventos sociais, culturais, técnico-científicos e esportivos (7,8%); saúde (4,5%); lazer (7,4%); educação e ensino (3,1%) e outros (7,5%).