Uma estatística para preocupar os mineiros: segundo a plataforma Farol Covid, desenvolvida com base em dados disponibilizados pelos estados e municípios, Minas Gerais enfrenta um crescimento exponencial de pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Denominado pela plataforma como ritmo de contágio, esse indicador traduz para quantas pessoas cada paciente infectado transmitirá a doença. Segundo o Farol Covid, a taxa em Minas fica entre 1,3 e 1,4, o que indica crescimento exponencial.
Na prática, é como se a cada 10 diagnosticados com a COVID-19 no estado, outros 13 ou 14 fossem infectados pelo novo coronavírus.
A plataforma avalia esse aumento como “ruim”, já que a taxa supera 1,2, limite entre o nível “insatisfatório” e o ocupado por Minas. Se esse índice fosse menor que 1, o ritmo de contágio seria classificado como “bom”.
Além do ritmo de contágio, o Farol Covid trabalha com outros dois indicadores-chave: a taxa de subnotificação e a capacidade hospitalar.
Esse primeiro índice estima a quantidade de pessoas doentes que não são diagnosticadas: aquelas que não entram no boletim divulgado diariamente pelas autoridades de saúde.
Ela é calculada considerando uma taxa de mortalidade padrão de 2% e estimando quantos casos teriam que estar ativos para produzir o número de mortos registrados naquele estado ou município.
A taxa de Minas quanto à subnotificação é considerada como “boa” pela plataforma: a cada 10 pessoas doentes, sete são diagnosticadas (70%). Isso coloca o estado na 10ª posição no Brasil.
Já a capacidade hospitalar reporta a estimativa do número de dias até que todos os leitos da rede de saúde disponíveis para COVID-19 estarão ocupados.
Esse parâmetro também é classificado como “bom” em Minas Gerais: a estimativa é que o sistema de saúde só entre em colapso em 91 dias, caso o ritmo de contágio da COVID-19 continue o mesmo. Segundo o levantamento da plataforma, são 20.065 unidades no estado e 3.421 ventiladores.
Risco alto
Apesar de dois dos três parâmetros indicarem taxas positivas, o Farol Covid analisa a situação de Minas Gerais como de “risco alto”. Isso porque basta um dos indicadores resultarem em números ruins, caso do ritmo de contágio (aquele que indicou crescimento exponencial), para que essa classificação seja dada.
Exatamente o mesmo indicador impediu, por exemplo, uma nova flexibilização no comércio de Belo Horizonte na sexta-feira (29). A taxa de transmissão da doença apresentada pela prefeitura estava justamente em 1,2 novo infectado por doente, o que indica crescimento exponencial.
De acordo com o Farol Covid, no entanto, a situação de Belo Horizonte nesta terça-feira (2) já é um pouco mais controlada: entre 1 e 1,3, o que tende à classificação “insatisfatória”, a intermediária da escala de risco.
Desenvolvedores
A plataforma indica os dados de todos os estados e municípios do Brasil, com base em números divulgados diariamente pelas autoridades de saúde e pelo Departamento de informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Tudo é compilado pela organização sem fins lucrativos Impulso, com objetivo de apoiar governos na construção de políticas públicas a partir da coleta e análise de dados.
Além da Impulso, apoiam a iniciativa o Instituto Arapyaú, instituição privada sem fins lucrativos dedicada a projetos de sustentabilidade, e InLoco, que fornece base de dados para o governo de Minas tomar medidas durante a pandemia.