Uma milícia que operava desde outubro do ano passado em Betim, na Grande BH, foi desarticulada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (3). A instituição cumpriu oito mandados de busca e apreensão e três de prisão no Bairro Jardim Teresópolis.
Segundo a polícia, tudo era comandado de dentro do complexo penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Condenado a mais de 13 anos de prisão, o detento conhecido como "Dru Black", de 36 anos, usava comparsas e adolescentes para manter o controle do tráfico de drogas na região.
De acordo com o delegado Thiago Machado, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, Dru Black tinha dois braços-direitos em Betim: um de nome Vanderson, 24, que foi preso pela Polícia Militar durante as investigações, e Douglas Henrique Moreira da Silva, o “Gordinho”, 26, foragido.
Gordinho, segundo a polícia, coordenava a milícia. Ele convenceu adolescentes a extorquirem comerciantes e moradores do Jardim Teresópolis.
O grupo pedia R$ 15 por dia aos empresários e R$ 10 aos residentes. A promessa era que com a quitação da “mensalidade” essas pessoas teriam proteção garantida de outro grupo criminoso que atua na região, porém no tráfico de drogas.
"Pagar a atividade (a milícia), entendeu? Pagar para ninguém roubar suas lojas. Coisas que vocês acham que a polícia que vigia. Polícia vigia nada não. Cai a madrugada aí, quem vigia o morro é (sic) nós, você entendeu? Quinze reais por dia não vai (sic) afetar ninguém", ameaçou Gordinho, ainda foragido, por meio de áudio compartilhado no WhatsApp.
Mandados
Durante a operação, a polícia apreendeu celulares que podem ajudar nas investigações. A suspeita é de que a mãe de Dru Black, que está preso na Nelson Hungria por diversos crimes, inclusive homicídio e tráfico de drogas, também esteja envolvida.
Os agentes também apreenderam dois adolescentes. Um deles, de 16 anos, já foi alvo da polícia em outras oportunidades. Era ele o responsável por executar crimes contra os comerciantes, como colocar fogo em estabelecimentos que não pagavam a milícia.
Apesar das tentativas, o delegado Thiago Machado garante que, até o presente o momento, não há evidências de que a milícia conseguiu dinheiro de moradores e comerciantes do Jardim Teresópolis.
Os trabalhos seguem agora para tentar encontrar Douglas Henrique Moreira da Silva, o Gordinho, e ouvir mais testemunhas dos crimes. A delegacia já entrevistou quatro comerciantes da região até o momento.
Guerra
O Bairro Jardim Teresópolis, em Betim, vive uma verdadeira guerra entre facções criminosas. De um lado, está o grupo de Dru Black, que tenta manter o poder do tráfico de drogas na região.
De outro, está um grupo de criminosos que tenta aproveitar a prisão do traficante detido na Nelson Hungria para controlar a venda de entorpecentes no local.
Durante o conflito, um adolescente do grupo que atualmente controla o tráfico chegou a ser morto com 20 tiros, segundo a polícia.