O movimento antirracista na tarde deste domingo, em Belo Horizonte, contou com uma presença ilustre. Conhecido pelas músicas afiadas e com tons muito críticos acerca da sociedade, o rapper e escritor Djonga, de 26 anos, ajudou o grupo a passar a mensagem de paz e igualdade durante o ato, que caminhou da Praça Sete até a Praça da Liberdade.
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Vozes do protesto em BH: jovens contam suas experiências com o racismo no cotidiano 'Recua, racista, recua', gritam manifestantes em ato na Praça SeteHaitianos são presos por roubar carro em Contagem e causar batida durante fuga Vidas Pretas Importam: Negros relatam racismo em Belo HorizonteMesmo com a COVID-19, homicídios disparam em 46,8% dos municípios de Minas“Sou apenas mais um no meio de tanta gente que está há muito na luta contra o racismo. Isso não é de hoje, não é de agora. Não é o primeiro movimento, é apenas um dos vários que ocorrem no mundo, na nossa cidade. Estamos cada vez mais com medo de viver. Vejo essa galera toda aqui tentando combater uma política de estado que mata, um governo que já vem há muito tempo legitimando isso”, afirmou Djonga, que nasceu na Favela do Índio e cresceu no Bairro São Lucas, região Centro-Sul da capital.
Um trecho das músicas mais recentes do rapper belo-horizontino – Olho de Tigre, de 2019 – foi adaptada como lema do movimento antiracista que contou com a presença de pelo menos 400 pessoas nesta tarde. “Fogo nos racistas” foi um dos gritos entoados pelas pessoas, que se vestiram de preto e por várias vezes ergueram o punho em referência ao Movimento dos Panteras Negras, originado nos anos 1960 nos Estados Unidos.
Djonga foi um dos que deram força ao movimento antirracista em Belo Horizonte. Além de estar presente no ato, ele divulgou a iniciativa em suas redes sociais. Em publicaçao no Twitter, ele cita que o preconceito é um problema que levará muito tempo para ser afastado da sociedade: “O racismo não vai acabar segunda-feira, é uma construção de muito mais tempo que vamos ter que fazer juntos ainda que com métodos diferentes”
O rapper lamenta que os negros sofram constrangimentos e violência juntamente num momento de pandemia. Ele considera que a raça se torna a mais vulnerável à infecção pelo coronavírus: “É um movimento que vem num momento como esse, triste, de pandemia. Queria estar dentro de casa 'tranquilinho'. Mesmo durante essa pandemia, mesmo o povo preto sendo o mais vulnerável e o mais pobre, remos que passar pelo drama de se expor ao vírus saindo todos os dias para trabalhar, ainda continuam matando nossas crianças e jovens”.