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Estado de Minas

Comércio esquenta em Venda Nova, mas lojistas estão céticos: 'Fogo de 5° dia útil'

Movimento na rua na Rua Padre Pedro Pinto, tradicional centro comercial de BH, foi intenso nesta segunda (8), que coincidiu com a data de pagamento da maioria dos trabalhadores


08/06/2020 16:22 - atualizado 09/06/2020 11:13

Comércio na Rua Padre Pedro Pinto amanheceu aquecido nesta segunda (8) com o avanço da flexibilização do isolamento em BH(foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)
Comércio na Rua Padre Pedro Pinto amanheceu aquecido nesta segunda (8) com o avanço da flexibilização do isolamento em BH (foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)
A fila na porta da loja de sapatos situada na Rua Padre Pedro Pinto, na Região de Venda Nova  - um dos principais pontos comerciais de BH - não chega a entusiasmar o gerente do estabelecimento, Cleison Santos. Iniciada nesta segunda-feira (8), a fase 2 da reabertura do comércio na capital liberou o funcionamento da sapataria e mais onze segmentos após 82 dias de paralisação imposta pelas medidas de combate ao novo coronavírus

Cleison se diz aliviado com o movimento da clientela esta manhã, intenso em toda a extensão da Padre Pedro Pinto. Mas prefere manter as expectativas sob controle. “Pode ser 'fogo' de quinto dia útil (quando a maioria dos trabalhadores recebe o salário). A data é naturalmente movimentada. Vamos aguardar para ver se os clientes vão continuar aparecendo ao longo da semana”, pondera. 

Sapataria instalada na Rua Padre Pedro Pinto recebe pode concentrar, no máximo, 9 pessoas no interior da loja. Região amanheceu lotada(foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)
Sapataria instalada na Rua Padre Pedro Pinto recebe pode concentrar, no máximo, 9 pessoas no interior da loja. Região amanheceu lotada (foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)


O funcionário diz que a loja preparou liquidações e baixou preços para atrair a freguesia, mirando sobretudo no Dia dos Namorados, terceira melhor data do calendário comercial. O estabelecimento também adotou as normas de higiene e prevenção à COVID-19 fixadas pela prefeitura, como disponibilização de álcool em gel e controle da circulação de pessoas. 

Ainda segundo Cleison, os tênis foram os produtos mais procurados nesta segunda. Em segundo lugar, os chinelos. A saladeira Eliane Nogueira, de 39 anos, foi à sapataria comprar um par deles. “Estou com saudade de subir num salto, mas vou usar onde? Não tem mais festa, nem lugar para sair. Então vou ficar com o chinelo mesmo”, lamenta. 

Na entrada da loja de bijuterias, que acumulava pequena aglomeração de mulheres por volta do meio-dia, as clientes dispensavam motivos ou eventos sociais para investir na produção. Aos 83 anos, Sebastiana diz que foi ao estabelecimento comprar brincos novos e vai usá-los dentro de casa mesmo.

(foto: Clientes na loja de bijuteria dispensavam motivos para caprichar na produção. 'Comprei brincos e vou usar em casa', conta freguesa)
(foto: Clientes na loja de bijuteria dispensavam motivos para caprichar na produção. 'Comprei brincos e vou usar em casa', conta freguesa)
A visita ao comércio é também uma justificativa para um breve passeio - que ela aproveitou para fazer no intervalo do trabalho. A idosa é funcionária de um supermercado na Padre Pedro Pinto e não gosta da ideia de se aposentar. “Deus me livre! Estou é com saudade de ver gente, passar um batom. Estão prendendo a gente demais”, reclamou. 

Cético, o fiscal da empresa de bijus, Luis Felipe Mendes, também credita parte do fluxo desta segunda em Venda Nova à tradicional data de pagamento de salários. “Aqui tem lotérica e banco perto. Hoje as pessoas saíram para receber, e aproveitaram para comprar alguma coisa. De qualquer forma, isso é bom para nós. Tomara que continue”, torce.

Inverno

Floriculturas estão entre os segmentos liberados pela segunda fase da reabertura do comércio na capital. 'Três meses com orçamento zero', comenta dona de Flora no Jardim América(foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)
Floriculturas estão entre os segmentos liberados pela segunda fase da reabertura do comércio na capital. 'Três meses com orçamento zero', comenta dona de Flora no Jardim América (foto: Leandro Couri/EM D.A.Press)
O tenebroso inverno econômico enfrentado pelo comércio de BH deu trégua também às floriculturas nesta segunda-feira (8). Com o avanço da flexibilização, Tânia Mara Patrocínio pôde abrir sua flora, que fica no bairro Jardim América, Região Oeste da capital, pela primeira vez em quase três meses. O movimento na Avenida Silva Lobo, onde a empresa funciona, é bem menor que o da Rua Padre Pedro Pinto.

A proximidade do dia dos namorados também não empolga a comerciante, cujo foco são plantas de jardim - os bouquets dos apaixonados são montados com flores de corte.  “Minha perspectiva é de receber pessoas que gostam de mexer na terra e cuidar de plantas, e que inclusive fazem disso uma atividade terapêutica na quarentena. Minha fé e minha esperança estão nesse público”, conta a empresária, que demitiu 14, dos 50 funcionários de suas três lojas desde o início da crise. “Três meses com faturamento zero, sem atender nem por delivery, e agora voltamos para correr atrás do prejuízo. Vamos que vamos”, suspira. 


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