A fila na porta da loja de sapatos situada na Rua Padre Pedro Pinto, na Região de Venda Nova - um dos principais pontos comerciais de BH - não chega a entusiasmar o gerente do estabelecimento, Cleison Santos. Iniciada nesta segunda-feira (8), a fase 2 da reabertura do comércio na capital liberou o funcionamento da sapataria e mais onze segmentos após 82 dias de paralisação imposta pelas medidas de combate ao novo coronavírus.
Cleison se diz aliviado com o movimento da clientela esta manhã, intenso em toda a extensão da Padre Pedro Pinto. Mas prefere manter as expectativas sob controle. “Pode ser 'fogo' de quinto dia útil (quando a maioria dos trabalhadores recebe o salário). A data é naturalmente movimentada. Vamos aguardar para ver se os clientes vão continuar aparecendo ao longo da semana”, pondera.
O funcionário diz que a loja preparou liquidações e baixou preços para atrair a freguesia, mirando sobretudo no Dia dos Namorados, terceira melhor data do calendário comercial. O estabelecimento também adotou as normas de higiene e prevenção à COVID-19 fixadas pela prefeitura, como disponibilização de álcool em gel e controle da circulação de pessoas.
Ainda segundo Cleison, os tênis foram os produtos mais procurados nesta segunda. Em segundo lugar, os chinelos. A saladeira Eliane Nogueira, de 39 anos, foi à sapataria comprar um par deles. “Estou com saudade de subir num salto, mas vou usar onde? Não tem mais festa, nem lugar para sair. Então vou ficar com o chinelo mesmo”, lamenta.
Na entrada da loja de bijuterias, que acumulava pequena aglomeração de mulheres por volta do meio-dia, as clientes dispensavam motivos ou eventos sociais para investir na produção. Aos 83 anos, Sebastiana diz que foi ao estabelecimento comprar brincos novos e vai usá-los dentro de casa mesmo.
A visita ao comércio é também uma justificativa para um breve passeio - que ela aproveitou para fazer no intervalo do trabalho. A idosa é funcionária de um supermercado na Padre Pedro Pinto e não gosta da ideia de se aposentar. “Deus me livre! Estou é com saudade de ver gente, passar um batom. Estão prendendo a gente demais”, reclamou.
A visita ao comércio é também uma justificativa para um breve passeio - que ela aproveitou para fazer no intervalo do trabalho. A idosa é funcionária de um supermercado na Padre Pedro Pinto e não gosta da ideia de se aposentar. “Deus me livre! Estou é com saudade de ver gente, passar um batom. Estão prendendo a gente demais”, reclamou.
Cético, o fiscal da empresa de bijus, Luis Felipe Mendes, também credita parte do fluxo desta segunda em Venda Nova à tradicional data de pagamento de salários. “Aqui tem lotérica e banco perto. Hoje as pessoas saíram para receber, e aproveitaram para comprar alguma coisa. De qualquer forma, isso é bom para nós. Tomara que continue”, torce.
Inverno
O tenebroso inverno econômico enfrentado pelo comércio de BH deu trégua também às floriculturas nesta segunda-feira (8). Com o avanço da flexibilização, Tânia Mara Patrocínio pôde abrir sua flora, que fica no bairro Jardim América, Região Oeste da capital, pela primeira vez em quase três meses. O movimento na Avenida Silva Lobo, onde a empresa funciona, é bem menor que o da Rua Padre Pedro Pinto.
A proximidade do dia dos namorados também não empolga a comerciante, cujo foco são plantas de jardim - os bouquets dos apaixonados são montados com flores de corte. “Minha perspectiva é de receber pessoas que gostam de mexer na terra e cuidar de plantas, e que inclusive fazem disso uma atividade terapêutica na quarentena. Minha fé e minha esperança estão nesse público”, conta a empresária, que demitiu 14, dos 50 funcionários de suas três lojas desde o início da crise. “Três meses com faturamento zero, sem atender nem por delivery, e agora voltamos para correr atrás do prejuízo. Vamos que vamos”, suspira.
A proximidade do dia dos namorados também não empolga a comerciante, cujo foco são plantas de jardim - os bouquets dos apaixonados são montados com flores de corte. “Minha perspectiva é de receber pessoas que gostam de mexer na terra e cuidar de plantas, e que inclusive fazem disso uma atividade terapêutica na quarentena. Minha fé e minha esperança estão nesse público”, conta a empresária, que demitiu 14, dos 50 funcionários de suas três lojas desde o início da crise. “Três meses com faturamento zero, sem atender nem por delivery, e agora voltamos para correr atrás do prejuízo. Vamos que vamos”, suspira.