A pandemia do novo coronavírus intensificou as desigualdades sociais. E observando essa situação, a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) criou uma campanha de apoio às comunidades brasileiras. A RNBC recolhe alimentos e itens de higiene pessoal e repassa as doações para as bibliotecas parceiras. Os interessados em ajudar podem doar os produtos ou uma quantia monetária na conta corrente de uma das instituições participantes.
Outro projeto que apoia as bibliotecas é o Itaú Social. De acordo com a mediadora de leitura Cleide Moura, a ação do banco disponibilizou R$ 443.250 para as bibliotecas comunitárias mineiras. Ela completa que esse valor foi distribuído conforme a quantidade de pessoas que são ajudadas em cada local. Esse dinheiro pode ser passado para as famílias no formato de um cartão Sodexo, conhecidos como “Cartões Auxílio Alimentação”, onde são creditados R$ 150 por mês num período de três meses. Entretanto, outras bibliotecas preferem investir esse dinheiro em cestas básicas.
Em Minas Gerais, a distribuição é feita com a ajuda da Rede de Bibliotecas “Sou Minas, Uai!”. O Estado de Minas conversou com representantes das bibliotecas comunitárias destas três cidades para saber como está sendo feito a distribuição das doações.
Sou de Minas, uai! e BH
A rede de bibliotecas comunitárias mineiras, Sou Minas, uai!, está ajudando famílias com dificuldades financeira durante a pandemia. Para isso, Daniela Praça, que trabalha na Comunicação da Rede, afirma que, a cada R$600 recebido por doações da RBNC, o dinheiro será repassado para as famílias. Ou seja, as bibliotecas vão receber de R$600 em R$ 600, conforme as doações. "Mas a primeira será a Livro Aberto, devido a necessidade do território no momento ser maior do que as outras reigões", explica Daniela. “Esse valor será usado para comprar cestas frutas e legumes para 20 famílias da região de BH que perderam seus empregos”, comenta.
Além disso, segundo Daniela, a Sou Minas, Uai! já distribuiu o valor recebido do Itaú Social. “Esse valor foi dividido por sete bibliotecas comunitárias da rede, nos municípios de Sabará, Betim e Belo Horizonte. Cada uma definiu a quantidade de dinheiro e cartões que seriam dados por região”, contou.
Daniela explica que as famílias são cadastradas por meio de telefone para facilitar a organização. Em parceria com a biblioteca Livro Aberto, a Rede distribuiu 186 cartões alimentação, no valor de 150 reais, válidos por 3 meses. Além disso, 114 cestas básicas são distribuídas mensalmente para essas famílias.
Apesar do cadastro já ter expirado, cerca de 300 famílias foram atendidas na região do Bairro Goiânia, em Belo Horizonte, e Alvorada, em Sabará. “Nesse tempo de pandemia, sabemos que muitas pessoas tiveram a sua vida mudada devido ao isolamento social, diminuição de trabalhos, rendas e desemprego. A literatura é um direito humano e nesse momento a literatura vai com alimentos, que também é um direito que não poderia neste momento ser negado a ninguém!”, comentou a equipe em um post no Facebook
Durante a pandemia, a rede de bibliotecas está ajudando em média 985 famílias. Em atividade desde 2010, a Rede Sou de Minas, Uai! é um coletivo de bibliotecas comunitárias localizadas em Belo Horizonte, Betim, Sabará e Santa Luzia. No total, são nove bibliotecas atuando em prol da democratização do acesso ao livro e à leitura em áreas de vulnerabilidade econômica e social das quatro cidades da Grande BH.
“Nossas ações são pautadas na garantia do direito humano à literatura, através de ações culturais. Estão estruturadas com espaços e acervos de qualidade, mediadores de leitura e bibliotecárias aptos a atender às necessidades dos usuários e dos espaços de leitura, que são funcionais e receptivos”, explica Daniela.
Betim
Em Betim, as comunidades atendidas foram as do entorno das bibliotecas, que estão situadas nos bairros São Caetano (Biblioteca Comunitária do GRIASC), Santa Lúcia (Biblioteca Comunitária do Salão do Encontro) e Santo Afonso (Biblioteca Comunitéria do Instituto Ramacrisna). Segundo, a mediadora Cleide, cada uma das bibliotecas ajuda uma quantidade diferente de pessoas.
“Por exemplo, a Biblioteca Comunitária do Instituto Ramacrisna ajuda 170 famílias. Já a Biblioteca Comunitária do GRIASC ajuda cerca de 80. A Biblioteca Comunitária do Salão do Encontro são quase 300”, comenta a mediadora.
Cleide explica que, em Betim, o dinheiro recebido do Itaú Social foi repassado para as bibliotecas em forma cartão Sodexo, o “Cartão Auxílio Alimentação”, com 150 reais para compras em junho, R$ 150 em julho e R$ 150 em agosto. “Porque assim a família pode comprar gás, leite e outros itens que não têm em cestas básicas”, comenta a mediadora.
O trabalho voluntário feito na cidade é pelos mediadores de leitura, articuladores e bibliotecária e responsável pela comunicação da Rede. “O trabalho de cadastramento de famílias e entregas é feito na rua, enquanto as reuniões de planejamento, relatórios e prestação de contas são feitas em home office”, conta Cleide.
Sabará
Em Sabará, na região metropolitana de BH, a Borrachalioteca ajuda as comunidades carentes da cidade. A equipe da biblioteca comunitária trabalha selecionando livros e divulgação de atividades culturais remotas. Túlio Damascena, mediador de leitura e coordenador da Borrachalioteca, conta que o trabalho da biblioteca comunitária é mais voltado para a cultura.Durante a pandemia, a biblioteca comunitária está ajudando bastante as comunidades carentes. Segundo Túlio, a equipe procurou fechar parcerias com outras lideranças que já fazem trabalho comunitário para ajudar na organização da doações. “Elegemos seis lideranças e elas foram responsáveis por fazer o levantamento das famílias e depois cada uma dessas lideranças foram responsáveis por essa entrega, tanto do banco de alimentos, como o cartão, as fraldas e as cestas básicas”, explica. Além de receberem alimentos e uma quantia financeira, Tulio conta que cada família recebeu um kit de livro.
Ele explica que, num primeiro momento, a campanha contou com apoio do Itaú Social, para as Redes de Bibliotecas que são apoiadas pelo programa Prazer em Ler. “Cada biblioteca vinculada a uma rede (são 11 no total) fez uma avaliação de quantas famílias poderia atender junto à comunidade em que as bibliotecas estão inseridas. Após esse primeiro contato as redes receberam recursos por meio de uma entidade proponente, que repassou a outras instituições”, explicou.
“As bibliotecas da Rede ‘Sou de Minas, uai!’ se mobilizaram e criaram estratégias para que o repasse fosse feito da melhor maneira”, comentou Túlio. Além do suporte do Itaú Social, a RNBC está arrecadando recursos para serem repassadas “para dar continuidade a esse trabalho”.
Segundo Damascena, as entregas das doações estão sendo feitas de duas maneiras: “o suporte do Itaú garantiu o atendimento das famílias por três meses e o recurso da campanha da RNBC está sendo distribuído à medida é captado”. A equipe distribui para as famílias o cartão alimentação, que fica em nome de um dos membros, cadastrada previamente, com o aporte de R$ 150 mensais por três meses. Além disso, algumas famílias estão recebendo cestas básicas e os produtos de higiene pessoal.
“O banco de alimentos, que já existia na comunidade do Bairro Cabral, que ficou comprometida pela chuva que castigou Sabará em janeiro, nesse caso fechamos uma parceria com um sacolão que fez preço de custo nos alimentos e de 15 em 15 dias as pessoas podem retirar nas dependências da biblioteca (Sala Son Salvador)”, conta Túlio. Ele comenta que as famílias terão apoio pelos meses de junho, julho e agosto.
O mediador de leitura conta que cerca de 109 famílias foram ajudadas com o com o cartão alimentação desde o início do projeto. “Atendemos cerca de 130 com as cestas básicas, 5 com produtos de higiene pessoal, 50 famílias com o banco de alimentos”, conta Túlio. Os bairros ajudados são Caieira, Cabral, Adelmolândia, Rosário I e II, Roça Grande, Catita, Pompéu, Paciência, entre outros.
Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias
A Campanha de apoio às comunidades para distribuição de itens de higiene e alimentos é promovida pela Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) e deve continuar até o fim da pandemia. Minas Gerais já está na segunda fase da campanha, ou seja, na segunda vez que ocorre as doações no estado. Além de Minas, o projeto também atua em São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Pará.Para ajudar, os doadores podem fazer depósito na conta-corrente de uma das instituições participantes da rede. “Todo o recurso arrecadado será usado para a compra de alimentos, material de higiene, gás e repasse direto, sendo distribuído de acordo com as necessidades de cada comunidade”, destacou Cris Lima, integrante da rede.
Além disso, os interessados podem doar cestas básicas e itens de higiene diretamente às redes de bibliotecas espalhadas pelo país. Em Minas Gerais, os podem ser entregues em Belo Horizonte, Sabará e Betim. Já nos outros estados, as entregas podem ser feitas em Belém e Ananindeua (PA), São Luiz, Fortaleza, Recife, Olinda (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Salvador, Nova Iguaçu (RJ), Duque de Caxias (RJ), Paraty (RJ), São Paulo, Guarulhos (SP), Mauá (SP), Porto Alegre, Cachoeirinha (RS), Eldorado do Sul (RS), e Esteio (RS).
A RNBC é um movimento pela democratização do acesso ao livro e às bibliotecas. São 119 bibliotecas em 22 municípios nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, que atendem um público médio de 30 mil famílias.
Para as doações em dinheiro:
ACESA – Associação Cultural Esportiva Social AmigosCNPJ: 14.810.743/0001-31
Banco: Caixa econômica Federal
Agência: 0049
Conta corrente 14453 Dígito 5
Entre contas CEF: 003 conta 14453-5
Para as doações presenciais, confira os endereços das bibliotecas no site da RNBC
*Estagiária sob supervisão de Álvaro Duarte
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
- O que é o pico da pandemia e por que ele deve ser adiado
- Veja onde estão concentrados os casos em BH
-
Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa
-
Animais de estimação no ambiente doméstico precisam de atenção especial
-
Coronavírus x gripe espanhola em BH: erros (e soluções) são os mesmos de 100 anos atrás