Jornal Estado de Minas

Norte de Minas

Morre professora que, em estado terminal de câncer, se casou em hospital

Morreu nesta terça-feira (9), na Santa Casa de Montes Claros, no Norte de Minas, a professora Aline de Lourdes Laura Gonçalves, de 46 anos. Em estado terminal de câncer, ela disse que tinha como desejo a oficialização da relação com o caminhoneiro Cícero Clementino dos Santos, de 49, com quem convivia havia 18 anos. O sonho foi realizado na noite de sexta-feira (5), com a celebração dentro do hospital.





O casamento foi marcado por muita emoção, ocorrendo no ambiente hospitalar em um momento em que os profissionais de saúde vivem a tensão do enfrentamento à COVID-19.

Mesmo com Aline dando o “sim” deitada no leito hospitalar, a cerimônia foi realizada como manda o figurino. Ela foi levada, em uma maca, até o hall da enfermaria da ala azul. Usava um vestido branco.

No local, parentes usando máscaras a aguardavam. Ao som da Ave Maria, a professora trocou alianças com Cícero, com quem tem duas filhas: Maria Teresa, de 17 anos, e Maria Cecília, de sete.

O matrimônio foi celebrado pelo padre Ildomar Pereira, capelão da Capela da Santa de Montes Claros. Ele recebeu autorização do arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom João Justino de Medeiros, para realizar o casamento dentro do hospital.

Câncer começou no intestino


Integrante de uma família de quatro irmãos, a professora lutava contra o câncer desde maio de 2019, quando foi diagnosticada com um tumor no intestino, passando por cirurgia.



A doença teve metástase, alcançando fígado, pulmão e os ossos. Ela estava internada na Santa Casa desde 28 de maio, quando deu entrada por causa de uma febre alta. Desde então, vinha recebendo cuidados paliativos.

A realização de desejos por parte de um paciente em estado terminal ajuda a diminuir a dor e o sofrimento da pessoa. A afirmação é da médica oncologista Maria Clara Martins Prado, que tratava de Aline de Lourdes Laura Gonçalves dentro de uma “visão plural e holística”, “respeitando as suas particularidades, prioridades, princípios e crenças”.

Maria Clara ressalta que a equipe compreendeu a importância do atendimento ao desejo de Aline como parte integrante do processo terapêutico.