Enquanto alguns empresários e trabalhadores comemoram a volta parcial das atividades turísticas a partir desta quinta-feira (11), moradores e associações comunitárias da Serra do Cipó, com roupas pretas, máscaras, luvas e álcool em gel, protestaram na ponte que liga os municípios de Jaboticatubas e Santana do Riacho nesta quarta-feira (10) contra a abertura parcial do turismo e do comércio no local.
A partir do feriado de Corpus Christi, entra em vigor o Decreto nº 041/PM511/2020, que autoriza a retomada de bares, restaurantes, pousadas e outras atividades econômicas não essenciais. Mesmo com uma série de regras de segurança impostas, moradores manifestaram repúdio à medida na ponte onde começa o distrito de Cardeal Motta.
Os contrários à flexibilização denunciam a falta de condições sanitárias do município para cuidar de pacientes com suspeita do novo coronavírus. Por outro lado, apoiadores da volta às atividades defendem a retomada com cautela, uma vez que não há casos de COVID-19 confirmados na região.
A partir do feriado de Corpus Christi, entra em vigor o Decreto nº 041/PM511/2020, que autoriza a retomada de bares, restaurantes, pousadas e outras atividades econômicas não essenciais. Mesmo com uma série de regras de segurança impostas, moradores manifestaram repúdio à medida na ponte onde começa o distrito de Cardeal Motta.
Os contrários à flexibilização denunciam a falta de condições sanitárias do município para cuidar de pacientes com suspeita do novo coronavírus. Por outro lado, apoiadores da volta às atividades defendem a retomada com cautela, uma vez que não há casos de COVID-19 confirmados na região.
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Turismo na Serra do Cipó estará liberado no feriado de Corpus ChristiCongonhas enfrenta avanço da COVID-19 e crise intensa no turismoMonte Verde reabre ao turismo com restrições de ocupação e higieneReabertura do Turismo na Serra do Cipó divide opiniões Brasil passa de 40 mil mortes pela COVID-19, segundo consórcio de veículos de imprensaCOVID-19: Brasil tem 3º dia com mais mortes e se aproxima de 40 mil óbitos confirmadosDetentos produzem 350 mil máscaras de proteção ao coronavírusEmpresários e comerciantes que estão há meses sem abrir as portas e anseiam por um respiro nas contas, alegam que estão com reservas lotadas até julho. Enquanto isso, outros donos de pousadas, moradores e a comunidade em geral questionam a medida e alegam que, no caso de uma disparada da doença na região, não há estrutura necessária nem para primeiros-socorros. Um ofício pedindo o cancelamento da reabertura foi enviado pela Câmara dos Vereadores ao prefeito.
Apesar da flexibilização, pelo menos duas pousadas contatadas pela reportagem nesta quarta-feira informaram que não vão abrir. O dono de uma pousada e morador, que preferiu não se identificar, conta que recusou quatro reservas em um dia e que, em uma delas, ao cancelar, o cliente chegou a abrir reclamação em um site de hospedagem. “Os turistas vêm se divertir e desanuviar neste momento de pandemia aqui na Serra, mas não estão preocupados com saúde das pessoas do lugar”, conta.
Em outra pousada, o relato é de insistência constante por parte dos hóspedes. “Querem fazer reservas sem café da manhã, sem troca de roupa de cama, o que é proibido. Propõem condições absurdas, só para que aceitemos a reserva, sendo que a pousada é também a minha casa e de minha família, e, portanto, não dá para arriscar a vida deles, mesmo necessitando muito do dinheiro”, desabafa o dono.
Em outra pousada, o relato é de insistência constante por parte dos hóspedes. “Querem fazer reservas sem café da manhã, sem troca de roupa de cama, o que é proibido. Propõem condições absurdas, só para que aceitemos a reserva, sendo que a pousada é também a minha casa e de minha família, e, portanto, não dá para arriscar a vida deles, mesmo necessitando muito do dinheiro”, desabafa o dono.
Para Júlio Barroso, empresário e presidente da Associação Comercial da Serra do Cipó, a flexibilização chega em hora certa e está seguindo todos os trâmites necessários para acontecer. Representante de 45 associados, entre bares, pousadas, restaurantes, atrativos e prestadores de serviço, lembra que as regras de higiene e de não aglomeração serão seguidas à risca.
Barroso, que é dono da pousada Carumbé, diz que está com seus 11 quartos (metade da capacidade) reservados até o terceiro fina de semana de julho. “Mantive os 30 funcionários da pousada por conta das reservas e da ajuda do governo, com a suspensão temporária dos contratos. Empregamos muitos moradores locais e estamos seguindos as regras. Aos poucos, todos vamos nos readequando”.
Nada de shows
O decreto mantém ainda, por tempo indeterminado, a suspensão de casas de shows e eventos, salões de festas e centros comunitários, clubes, praças esportivas públicas e privadas. O uso das máscaras faciais é obrigatório para entrar em quaisquer dos estabelecimentos autorizados nesta fase.No ofício enviado ao prefeito contra a flexibilização, os vereadores lembram a falta de estrutura da região e alegam que a abertura traz insegurança à população. “Diante de todo o exposto venho através deste dar conhecimento da situação expressar a preocupação surgida após a edição do último decreto”. O oficio é assinado pelo presidente da Câmara, vereador Neilton da Paz Marques, que informou que, somente em suas redes sociais, “mais de 500 pessoas expressaram discordância com a medida”.
Veja como está hoje a estrutura da Serra do Cipó:
Não estão abertos:
- Parque Nacional da Serra do Cipó
- Cachoeira
- Academias, estúdios de pilates e yoga;
- Agência de serviços da Cemig;
- Alimentação fora do lar no Distrito da Serra do Cipó: bares, restaurantes e lanchonetes;
- Escolas de instrução e treinamento para habilitações de motoristas - Autoescolas;
- Igrejas e templos de qualquer credo ou religião;
- Meios de hospedagem localizados no Distrito da Serra do Cipó: pousadas, hostels, e casas de aluguel de temporada devidamente inscritas e registradas na Junta Comercial e Receita Federal;
- Salão de beleza e barbeiros;
Os estabelecimentos flexibilizados para funcionamento aberto ao público também deverão cumprir o seguinte horário nos períodos:
- Alimentação fora do lar — entre 11h às 20h. Após este período poderão realizar "tele entrega (delivery)"
- Supermercados, padarias e demais comércios essenciais (regra não aplicada a postos de combustíveis e farmácias) - deverão permanecer fechados no feriado de Corpus Christi das 16h do dia 10 até às 7h do dia 15. Posteriormente, fica mantido o lockdown nos finais de semana até o dia 30 do corrente, ou seja, das 16h de sexta-feira até às 7h de segunda-feira.
- Postos de combustíveis e farmácias estão autorizados a funcionar em horário normal.
Lapinha da Serra
A liberação não se aplica ao povoado de Lapinha da Serra, sede e demais comunidades rurais. O decreto manteve a suspensão até o próximo dia 24 para as atividades comerciais e prestação de serviço não essenciais nessas localidades.
Próxima etapa
O decreto de flexibilização informou ainda as próximas etapas de liberação das atividades. A partir do próximo dia 25, poderão retornar ao funcionamento, de forma monitorada e em escala reduzida, pousadas, bares, restaurantes e lanchonetes em todas as localidades do município.
Atrativos turísticos no distrito da Serra do Cipó também serão permitidos, desde que possuam mecanismos de controle de entrada e saída de pessoas de forma mecanizada/automatizada, com portaria de controle de acesso.
Somente a partir do dia 25 serão permitidas áreas de camping e outros meios de hospedagem localizados no distrito da Serra do Cipó. Receptivos turísticos, guias de turismo, condutores locais, operadores de atividades e transportadoras turísticas também só retomam a partir da segunda fase.
Coronavírus na cidade
Para evitar a propagação do coronavírus, a cidade estava com as atividades turísticas suspensas desde 27 de março deste ano.
Santana do Riacho não teve, oficialmente, nenhum caso de coronavírus registrado até o momento. Foram 33 casos notificados e nove casos descartados para COVID-19. Segundo a prefeitura, um caso é monitorado (paciente que não se enquadra para realização de teste); 23 pacientes estão em alta do isolamento domiciliar (apresentaram melhora 14 dias após o início dos sintomas), mas não foram testados, o que não permite contabilizá-los como positivos para a doença.