O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, enviou, na manhã desta segunda-feira (15), uma mensagem em apoio aos migrantes e refugiados por meio de um vídeo direcionado ao público que acompanhará a primeira edição do festival “Tantos somos, somos um – pelos sonhos de todas as pessoas”. O evento, organizado pelo Serviço Jesuíta a Migrante e Refugiado (SJMR Brasil), será transmitido pelas redes sociais da instituição a partir das 17h, no sábado (20), Dia Mundial do Refugiado.
No comunicado, ao se referir ao papa Francisco, o arcebispo de Belo Horizonte disse que “ninguém é estrangeiro” e que essa afirmação deve ser entendida pelas pessoas para que os preconceitos sejam superados. “Ao olhar para cada migrante, precisamos enxergar um irmão, uma irmã. O migrante não é somente aquele que vem de longe, uma pessoa de hábitos e costumes diferentes. É nosso irmão, é nossa irmã.”
Ao final da mensagem, dom Walmor desejou que o festival comemorativo seja uma “oportunidade para fortalecer corações no exercício da solidariedade” e fez um agradecimento especial ao SJMR Brasil, mencionando a entidade como uma “verdadeira escola de solidariedade, construindo uma humanidade nova”. Além disso, ele criticou a contradição existente no mundo entre a defesa da liberdade de circulação de mercadorias e o aumento das perseguições aos migrantes.
Outros representantes da Igreja Católica também enviaram mensagens para serem exibidas durante o evento. Entre as representações religiosas estão os recados do cardeal Michael Czerny, subsecretário da Seção Migrantes e Refugiados da Santa Fé, do padre Arturo Sosa, superior geral da Companhia de Jesus, da irmã Graciela Francoving, superiora geral das Filhas de Jesus, do dom Mário Antônio da Silva, segundo vice-presidente da CNBB, e do padre Mieczyslaw Smyda, Provincial dos Jesuítas no Brasil.
"Tantos somos, somos um"
No Brasil, ao final de 2019, cerca de 130 mil migrantes vindos da Venezuela solicitaram às autoridades competentes serem reconhecidas como refugiadas no país, segundo dados obtidos pela plataforma de pesquisa R4V. Com a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), a situação dos refugiados ficou ainda mais complexa por conta do desemprego e da dificuldade que muitos enfrentam para obter o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal, sem contar os casos de migrantes contaminados pela COVID-19 que acabaram morrendo.
De acordo com os organizadores, o objetivo do festival é a sensibilização do público para a causa das pessoas migrantes e refugiadas espalhadas em todo o território nacional. Para isso, eles desejam chamar a atenção para as questões migratórias com um conteúdo leve e festivo, mas consistente.
Com a apresentação, será possível conhecer não somente a realidade enfrentada pelas pessoas refugiadas ou às que solicitam o reconhecimento como tal, mas também como se expressam por meio da arte para tentar superar os desafios diários.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.