Há casos confirmados do novo coronavírus em 573 das 853 cidades de Minas Gerais, número que corresponde a 67% dos municípios do estado. A interiorização da doença preocupa as autoridades sanitárias. Nesta segunda-feira, em reunião na Assembleia Legislativa, o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), Eduardo Luiz da Silva, destacou o temor causado pelo avanço da COVID-19 nas pequenas localidades.
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Taiobeiras, no Norte do Estado, é exemplo do avanço do coronavírus no interior. Até o início deste mês, a cidade, de aproximadamente 33 mil habitantes, não tinha casos da doença. Tudo mudou quando uma idosa, moradora de asilo, testou positivo. Um dia após a confirmação, o município, entre moradores e funcionários da casa de repouso, já somava 19 registros.
O boletim desta segunda aponta 26 contaminados em Taiobeiras. Os óbitos estão zerados.
Segundo Eduardo, que ocupa a Secretária de Saúde da cidade, o novo coronavírus alterou sensivelmente a dinâmica enfrentada pelas gestões locais.
“De uma hora para outra, tivemos que reinventar a saúde, trabalhando com barreiras sanitárias e fluxo de testes, uso de máscaras e boletins informativos. Muitos precisaram contratar mão de obra, estender jornadas e horários de funcionamento de unidades de saúde. Isso tudo demanda recursos financeiros, que têm chegado, mas de modo escasso”, pontuou.
Municípios buscam leitos
A ausência de leitos de terapia intensiva nos rincões de Minas é um dos principais problemas do sistema público de saúde. Em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde, o Cosems criou 14 planos macrorregionais para traçar as estratégias necessárias a cada área. A capacitação de profissionais para o atendimento nas UTIs faz parte do processo.O Estado tenta, junto ao Ministério da Saúde, a habilitação de 790 leitos adultos de UTI, além de 20 voltados ao acolhimento de crianças. O presidente do Cosems pediu apoio da Assembleia Legislativa para o credenciamento dos leitos junto à saúde federal.
Em Belo Horizonte, a expectativa é que, contando vagas de UTI e em enfermaria, sejam abertos 375 novos leitos na segunda quinzena deste mês. O objetivo é credenciar 1.222 novos espaços em julho.
Atualmente, 82% das unidades de terapia intensiva e 63% das enfermarias da capital mineira estão ocupadas.
Segundo a secretária adjunta de Saúde de BH, Taciana Malheiros, as taxas de ocupação causam temor aos gestores da cidade. “Isso é um dado que nos preocupa muito. Temos visto grande pressão assistencial sobre nossa central de internação”, alertou.
Na semana passada, a capital conseguiu habilitar 35 novos leitos.
Outras ações
Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, também tem grande responsabilidade no enfrentamento à doença. A cidade é responsável por atender pacientes de 57 municípios do entorno.A secretária municipal de Saúde, Maflávia Ferreira, listou ações como a destinação de espaço da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) apenas para casos de COVID-19, a contratação de médicos para encorpar os plantões noturnos e a aquisição de testes.
Odelmo Leão (PP), prefeito de Uberlândia, no Triângulo, também participou da conferência. Ele afirma que o município faz 2.203 testes a cada 100 mil habitantes, número superior à média estadual de exames (135 a cada 100 mil pessoas).
Leão lamentou, no entanto, a baixa adesão da população ao isolamento social. Em 19 de abril, durante o feriado prolongado de Tiradentes, o índice chegou a 54,6%. Entre 28 de abril e 11 de junho, a média foi de 39,6% – a queda ocorreu simultaneamente ao início da retomada gradual das atividades comerciais. O isolamento em Uberlândia está cerca de 12% abaixo da média estadual.