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Estado de Minas FLEXIBILIZAÇÃO

COVID-19: BH dobra mortes e amplia busca por leitos após flexibilizar

Número de casos também cresceu acentuadamente com o fim do isolamento social


postado em 19/06/2020 06:00 / atualizado em 19/06/2020 08:34

Flexibilização do isolamento social fez aumentar o número de pessoas nas ruas em Belo Horizonte(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Flexibilização do isolamento social fez aumentar o número de pessoas nas ruas em Belo Horizonte (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


O processo de reabertura gradual do comércio em Belo Horizonte já engloba cerca de 92% dos empregos e aumentou a circulação de pessoas nas ruas. Iniciada em 25 de maio, a flexibilização das normas de isolamento social em meio à pandemia do novo coronavírus reflete de forma acentuada na estrutura hospitalar cidade. Desde que a prefeitura liberou o funcionamento de serviços não essenciais, a taxa de ocupação das UTIs específicas para COVID-19 passou de 40% para 74%. A crescente também foi constatada nos leitos clínicos para pacientes com a doença, que têm 62% de vagas ocupadas, ante 34% do momento anterior.

Os números de casos confirmados e mortes em decorrência do coronavírus também cresceram significativamente. Entre março, quando o primeiro caso de COVID-19 foi detectado, e 24 de maio, véspera da reabertura dos primeiros estabelecimentos comerciais, BH tinha registrado 42 óbitos. Nos 25 dias pós-flexibilização, foram mais 45 vítimas, para um total de 87 até essa quinta-feira, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde.

Depois da reabertura, o número médio de mortes por 24 horas se multiplicou por três. A cada dez dias durante a flexibilização, morrem 18 pessoas. Antes, eram seis óbitos nesse mesmo período de tempo. A taxa de letalidade do vírus não cresceu significativamente, mas o salto na quantidade de vítimas indica o aceleração na propagação da doença.

A detecção de casos também aumentou (veja no gráfico). Até 24 de maio, eram 1.434 registros de COVID-19 em Belo Horizonte. A partir da reabertura, foram mais 2.376, para um total de 3.810. A média de novos infectados por dia subiu de 20,4 para 95 após a flexibilização do isolamento social.


De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, os reflexos epidemiológicos da reabertura do comércio não são sentidos imediatamente. Segundo eles, há um período de até 14 dias para que se possa ter certeza de que uma eventual aceleração propagação do vírus se deu em decorrência da flexibilização.

“Os 14 dias são para que haja certeza total. O período de incubação é de uma semana, mas as pessoas, às vezes, não procuram os hospitais no início dos sintomas. Elas podem ser internadas quando há piora, o que ocorre no começo da segunda semana. Então, considerando o número de internações, estamos falando dos pacientes que têm entre sete e dez dias de doença. As internações de hoje representam o que aconteceu, em termos de transmissão, entre 10 e 14 dias atrás”, analisa o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Antônio Toledo Júnior.

Integrante do Comitê de Enfrentamento à Epidemia de COVID-19 da prefeitura de BH, o infectologista Carlos Starling disse que era natural que houvesse aumento de casos e mortes durante a reabertura. A principal preocupação da administração municipal é evitar que falte equipamentos sanitários para atender aos pacientes.

“O aumento nos casos reflete o número de internações e óbitos. Não é nenhuma novidade. Isso é mais que esperado que aconteça. A prefeitura se preparou muito bem para a flexibilização. Uma hora a flexibilização vai acontecer. É preciso flexibilizar dentro da capacidade de atendimento”, avalia.

Para analisar a reabertura do comércio, o comitê leva em consideração três variáveis: número médio de transmissão por infectado (Rt), ocupação de UTIs e ocupação de leitos de enfermaria. Para melhorar os dois últimos parâmetros, a PBH já começou a abrir novas vagas para internações. Nesta sexta-feira (19), o grupo anunciará se a capital mantém, recua ou avança no processo de flexibilização.

Rede privada


O crescimento das estatísticas após o início da flexibilização também se reflete nos dados divulgados por hospitais particulares da capital. Até 25 de maio, a rede própria da Unimed havia registrado 205 diagnósticos positivos. No dia 16 deste mês, o número saltou para 1.053. Houve aumento, também, nas internações. No dia da retomada, eram 41 pacientes pacientes hospitalizados, 28 a menos que os 69 dessa quarta-feira.

No Madre Teresa, os 36 casos confirmados — conforme estatísticas de 25 de maio — subiram para 85 nessa quinta-feira, um dia após a casa de saúde registrar a primeira morte em virtude do coronavírus. O número de internações também cresceu: de 11 para 33.

As internações no Lifecenter seguiram o ritmo. Dados desta quinta-feira apontam 23 pacientes em isolamento — 8 casos confirmados e 15 suspeitos. No dia inicial da flexibilização, por sua vez, havia seis pessoas isoladas, sendo que apenas uma delas já tinha testado positivo. Segundo o hospital, entre 25 de maio e 16 de junho, as UTIs exclusivas para tratar pacientes da COVID-19 tiveram 53,5% de ocupação. Entre 3 e 24 de maio, o percentual médio foi de 39,8%.

Por nota, a Unimed confirmou o impacto da flexibilização nos atendimentos. “O isolamento mais rigoroso foi fundamental para reduzir as taxas de transmissão do vírus no país e evitar a sobrecarga do sistema público e privado de saúde. Sabemos que as ondas de flexibilização impactariam de alguma forma a curva de transmissão, mesmo sendo feitas com responsabilidade e cautela”.

O Lifecenter não descarta expandir a capacidade operacional. “Novas estruturas podem ser implantadas de maneira ágil, já que o Lifecenter possui alta capacidade modular para abrir novas unidades de suporte aos pacientes com coronavírus, o que será avaliado de acordo com a evolução do número de casos da doença em nossa região”. O Madre Teresa, por sua vez, diz não ter explicação para o aumento na quantidade de atendimentos.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 



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