Jornal Estado de Minas

Belo Horizonte é cenário de disputa em torno de reabertura na pandemia



No momento em que se acende novamente o debate sobre a flexibilização da quarentena, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciará na tarde de hoje se avançará mais um passo na reabertura gradual da economia da cidade. Isso significa que novos setores do comércio poderão ter o sinal verde para voltar a funcionar, depois de mais de três meses sem atividades. Mas, por outro lado, a capital mineira fica em estado de alerta depois de o governador Romeu Zema (Novo) ter afirmado ontem que o próprio Executivo estadual pode tomar medidas mais drásticas para conter o avanço do coronavírus.


 
Na semana passada, Kalil anunciou que frearia a flexibilização em Belo Horizonte, reconhecendo que houve expansão da doença depois de a prefeitura liberar o funcionamento de alguns setores. Atualmente, estão liberados apenas os serviços essenciais e alguns setores, como lojas de artigos usados, materiais esportivos, calçados, artigos de viagem, joalherias e bebidas. Cada setor teve um horário estabelecido para abrir seus espaços, para evitar aglomerações no metrô e nos ônibus.
 
Kalil e Zema vêm travando disputa política desde que a doença se expandiu no país ao adotar medidas diferentes. O chefe do Executivo municipal manteve-se rígido nas medidas de isolamento social durante algum tempo e optou por não aderir ao programa Minas Consciente, criado pelo governo do estado para orientar criteriosamente a abertura das atividades. Na capital, os casos de infectados e mortes também atingiram números preocupantes – são 3.810 pessoas diagnosticadas com COVID-19 e 86 óbitos, segundo boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde ontem.
 
O prefeito da capital chegou a alfinetar o governador mineiro a respeito da política de combate à pandemia: “O programa de Minas é um programa jogado nas costas do prefeito. Quem resolve é o prefeito. Que programa de Minas? Quem resolve é o prefeito... Nós não precisamos de conselho. Precisamos de dinheiro e liderança. Eu não preciso de conselho. Preciso de dinheiro e liderança”.


 
Vários setores do comércio pressionam a prefeitura a liberar as atividades diante da perda de arrecadação financeira desde o início da pandemia. De acordo com balanço feito pela Câmara dos Dirigentes Logistas (CDL-BH), o comércio teve prejuízo de 70% com o fechamento das atividades na capital.
 
O secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, chegou a elogiar BH por apresentar “bons resultados” durante a pandemia. Ele também disse que “entende e respeita” a decisão de a capital não aderir ao Minas Consciente e garantiu que os prefeitos têm liberdade para tomar as medidas cabíveis.