“Testem, testem, testem. Todos os casos suspeitos”. O ‘mantra’ da Organização Mundial da Saúde (OMS), bradado em março por pelo diretor-geral Tedros Adhanom, ainda não foi colocado em prática no enfrentamento à pandemia da COVID-19 em Minas Gerais. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2019, Minas Gerais tem 21.168.791 habitantes. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), foram realizados 101.460 testes desde o início do enfrentamento à pandemia, consideradas tanto a rede pública, quanto a privada. Portanto, são 4.793 exames por milhão pessoas.
O levantamento foi publicado em edição especial do Boletim Epidemiológico e Assistencial COVID-19 nessa quarta-feira (17), com base na atualização mais recente da SES, a partir de dados compilados até 9 de junho.
Na análise, a administração estadual considerou os dois tipos de exames feitos para detectar infecção por coronavírus: o molecular (RT-PCR, que precisa ser processado em laboratório) e o sorológico (os chamados “testes rápidos”).
Segundo a SES, Minas Gerais tem 26.052 casos confirmados de COVID-19 até esta sexta-feira (19), dos quais 600 resultaram em mortes.
Processamento dos testes
Do total de exames realizados até o fechamento do balanço publicado pela SES, foram 69.532 do tipo RT-PCR (28.639 na rede pública e 40.893 na privada).
Segundo boletim publicado nesta sexta-feira, o número de testes na rede pública subiu para 30.820, dos quais 669 seguem em análise.
Em meio ao avanço da pandemia, Minas Gerais vive uma contradição técnica no processo de testagem da população. Os laboratórios da rede pública têm estrutura para realizar diariamente 3.690 exames do tipo RT-PCR, considerado o “padrão ouro” para diagnóstico de COVID-19.
Porém, a média de testes em junho é de 468 por dia. Ou seja, apenas 12,6% da capacidade atual dos laboratórios públicos têm sido utilizado.
Mesmo assim, a administração estadual tem como meta ampliar para 5.590 a capacidade diária de processamento de exames RT-PCR.
No boletim publicado na última quarta-feira, a própria administração estadual admite o processamento de exames está aquém da estrutura já existente. Segundo a SES, a média de exames RT-PCR, considerado todo o período de enfrentamento à pandemia, era de 265 por dia.
No documento, o governo alega que não consegue usufruir da capacidade total dos laboratórios públicos porque faltam insumos e recursos humanos para processar os testes.
Outra justificativa apresentada pela administração estadual é que o atual critério para decidir se uma pessoa deve ou não ser submetida ao teste RT-PCR reduz a quantidade de amostras colhidas e diminui a demanda nos laboratórios.
Atualmente, a SES indica esse tipo de exame em oito grupos:
- Amostras provenientes de unidades sentinelas de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG);
- Todos os casos de SRAG hospitalizados;
- Todos os óbitos suspeitos de COVID-19;
- Profissionais de saúde sintomáticos;
- Profissionais de segurança pública sintomáticos;
- Por amostragem representativa (mínimo de 10% dos casos ou três coletas), nos surtos de SG em locais fechados (ex: asilos, hospitais, etc);
- Público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida restritiva ou privativa de liberdade, ambos sintomátivos;
- População indígena aldeada
A SES diz que “com o aumento da capacidade de testagem da rede de laboratórios, avalia periodicamente a possibilidade de ampliação dos critérios de amostragem para a realização de testes”.
Onde os testes são processados?
Atualmente, Minas Gerais conta com dez instalações públicas para o processamento de exames do tipo RT-PCR para COVID-19. Veja na tabela abaixo:
Onde os testes são processados?
Atualmente, Minas Gerais conta com dez instalações públicas para o processamento de exames do tipo RT-PCR para COVID-19. Veja na tabela abaixo: