Com a aceleração da curva da COVID-19 em Minas, projeções apontam que a rede pública hospitalar pode passar por momentos dramáticos antes do esperado. Relatório da Secretaria de Estado da Saúde (SES) aponta que, já nesta quinta-feira (25), pode ocorrer um colapso no sistema de saúde. O documento é ratificado pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Defesa da Saúde (CAO) do Ministério Público de Minas Gerais.
Apesar da orientação, muitas prefeituras fizeram a abertura. "Os dois chegaram à mesma conclusão", afirmou o promotor.
O relatório da SES, que está disponível nas orientações do programa Minas Consciente, projeta o pico para 15 de julho. No entanto, o documento estima que já a partir desta quinta haja um esgotamento da capacidade assistencial em resposta à demanda por leito no estado.
O documento aponta que das 14 macrorregiões de saúde, 11 estão em situação crítica e três em situação de alerta.
O documento aponta que das 14 macrorregiões de saúde, 11 estão em situação crítica e três em situação de alerta.
O promotor Luciano Moreira afirmou ainda que entrou em contato com os cerca de 300 procuradores no estado, que atuam na defesa da saúde, para aumentar a fiscalização em relação à adoção das medidas de isolamento social pelas prefeituras.
Outra medida adota foi reforçar com hospitais que tiveram leitos habilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a necessidade de se cadastrarem junto ao SUS Fácil. Embora tenham recebido os leitos, muitos ainda não os colocaram à disposição da população no programa. "Já estão recebendo pelo leito da COVID-19 e não disponibilizam para a população. É gravíssimo", pontua.
O CAO também investiga a falta de medicamentos para intubação nos leitos de terapia intensiva.
O CAO também investiga a falta de medicamentos para intubação nos leitos de terapia intensiva.
O promotor defendeu a eficácia das medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus: "Na literatura, temos evidências suficientes que mostram que o distanciamento social é o remédio mais eficaz para reduzir a transmissão".
Luciano Moreira lembra que os municípios não podem tomar decisões sem levar em conta que o sistema de saúde é estruturado em rede. Ele ressalta que um município pode ter poucos casos da COVID-19, mas pode não ter capacidade assistencial para atender os doentes, dependendo de uma cidade maior.
Nesse caso, a abertura deve levar em conta não só o número de casos, mas a capacidade de resposta da macrorregião de saúde.
Nesse caso, a abertura deve levar em conta não só o número de casos, mas a capacidade de resposta da macrorregião de saúde.