O metrô de Belo Horizonte vai operar em escala reduzida a partir desta quarta-feira (24). Haverá operação apenas nos horários de pico: das 6h às 9h e das 16h30 às 20h.
A decisão foi tomada em assembleia on-line convocada pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG) nesta segunda-feira (22).
O motivo da redução da operação, segundo a categoria, é preservar funcionários e usuários do metrô de BH.
“Tivemos três casos confirmados na última semana, entre funcionários da área operacional e do administrativo. Tentamos várias vezes articular com a empresa (a Companha Brasileira de Trens Urbanos – CBTU) uma escala de trabalho, mas não houve acordo. Eles só querem acompanhar a demanda”, afirma o presidente do Sindimetro, Romeu Machado.
Essa escala reduzida funcionou no metrô de BH até 24 de maio.
Depois que a Prefeitura de BH flexibilizou o comércio pela primeira vez, contudo, a CBTU optou por operar das 5h45 às 20h.
“Quando eles adotaram esse horário, todo o administrativo, com exceção de quem faz parte do grupo de risco, voltou a trabalhar. Acabou também o revezamento na escala das equipes de manutenção. Cerca de 70 a 80% dos 1,7 mil empregados do metrô voltaram a trabalhar”, garante Romeu Machado.
“A população precisa entender que o que queremos fazer é proteger ela e os metroviários. A empresa faz tudo, mas não inibe o principal: a circulação e concentração de pessoas nos trens. A gente sabe que não tem receita para resolver o problema (da proliferação do novo coronavírus), mas o transporte público é vetor da doença”, avalia o sindicalista.
Outro lado
A reportagem procurou a CBTU para que a companhia se manifestasse sobre a decisão do sindicato, mas ainda não obteve resposta. Esse texto será atualizado quando a empresa se manifestar.
Especial
Em reportagem publicada em sua edição nesta segunda-feira (22), o Estado de Minas ouviu especialistas sobre a possibilidade de o transporte público se tornar vetor do novo coronavírus em Belo Horizonte.
Para o urbanista e coordenador do curso de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, Guilherme Leiva, a situação pode fugir do controle se não administrada da maneira correta, mas é preciso conscientizar a população sem, a longo prazo, afastá-la do meio de transporte coletivo.
“Todos os estudos indicam que o contato imediato não é fator mais determinante para infecção, mas a longa exposição é peça-chave. Não podemos deixar de atender a população, mas com o volume de informações que a prefeitura tem, é possível garantir um isolamento social maior a partir da gestão do transporte”, opina o professor do Cefet.
“Idealmente, a desinfecção deveria ser feita a cada viagem. Mas, o controle disso é muito difícil. Os órgãos públicos sempre têm dificuldade de fiscalizar. Isso vale para todos os serviços", pontua o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental em Minas Gerais, Rogério Siqueira.