Jornal Estado de Minas

Picos de tráfego indicam maior exposição à COVID-19 em BH


O tráfego de veículos em Belo Horizonte já apresenta picos de congestionamentos que superam dias normais pré-pandemia. Os engarrafamentos vêm voltando progressivamente no período posterior ao início do  distanciamento social, em março, com um salto de 82,4% no volume médio de congestionamentos nos 20 primeiros dias de junho sobre a média de maio. Os dados são de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do aplicativo de navegação e trânsito Waze. As sucessivas concentrações de veículos (veja quadro) sugerem que o isolamento social necessário para a contenção da COVID-19 vem sendo afrouxado. Desde 10 de junho, com a fase 2 da flexibilização na capital, esses números sofreram um salto impressionante. Antes da fase 2, o maior pico de concentração de veículos ocorreu em 10 de maio, no Dia das Mães, quando foi registrado 75% do fluxo normal. Já em 10 de junho – uma quarta-feira –, um mês depois, o registro foi de 96,7% e no dia 14, domingo, chegou a 145%, superando um dia comum pré-pandêmico.




 
Em 31 de maio, a reportagem do Estado de Minas já tinha divulgado com exclusividade, a partir da mesma fonte de dados, que os domingos são os dias da semana em que mais congestionamentos ocorrem em Belo Horizonte, o que continua ocorrendo. Esse mesmo levantamento mostra que outras capitais também registraram ampliações expressivas de trânsito pesado, como Manaus e Porto Alegre, com aumento do fluxo da ordem de 20% nas últimas duas semanas. Diferentemente de BH, os engarrafamentos em Manaus e Porto Alegre ocorreram principalmente de segunda a sexta-feira, mas também foi constatado que o trânsito aumentou nos fins de semana, num indicativo de que o fluxo incrementado não representa apenas o retorno das atividades suspensas pelo isolamento sanitário.
 
Depois da confirmação do primeiro caso de COVID-19 em BH, em 16 de março, as aulas foram suspensas (no dia 18) e o movimento de veículos caiu vertiginosamente. Chegou a despencar 69,85% em 20 de março, quando o decreto de situação de calamidade pública estadual (Decreto 47.891/20) foi publicado. O mês de abril registrou as menores concentrações de veículos nas ruas durante a semana. Contudo, aos sábados, esse volume volta a crescer e atinge concentração expressiva aos domingos.
 
O dia menos movimentado em março, no início do isolamento, era a sexta-feira, com 22% da intensidade de engarrafamentos pré-pandemia. Em abril, a média das terças-feiras conseguiu atingir a menor concentração de todos os dias da semana, com 15,5% do usual. Já em maio, esse dia, que se manteve como o de mais fraco movimento, começou a ter o seu fluxo ampliado, chegando a 23,25% e progredindo ainda mais em junho, batendo no patamar de 39,7% do que se registrava antes da COVID-19.




 
A paciência dos belo-horizontinos com o distanciamento social parece se esvair nos fins de semana, quando o movimento recebe um incremento expressivo. Nos sábados, que, com a pandemia, tinham em março 28% do movimento regular, os congestionamentos subiram para 28,5% em abril, avançaram para 41,2% em maio e bateram 82% em junho. O domingo é o dia em que menos se respeita o isolamento social. Em março, após o afastamento, a concentração média de carros caiu para 42% do normal. Já em abriu escalou para 45,25%, saltou para 58,4% em maio e em junho já representa apenas 89% do que normalmente seria um comum, ou seja, praticamente retornando a patamares antes da COVID-19.
 
O dia de menor movimento registrado foi 10 de abril, uma sexta-feira, com 9,91% do volume normal da cidade, 24 horas após a entrada em vigor do decreto municipal que suspendeu o alvará de funcionamento de estabelecimentos considerados não essenciais, como boates, casas de festas e eventos, feiras, exposições, congressos e seminários, shoppings, cinemas, teatros, clubes, academias, parques, bares, restaurantes e lanchonetes.
 
Um outro levantamento, também da Fiocruz, mas que leva em conta o aplicativo de utilização de transporte de passageiros por ônibus, o Moovit, mostra como em Belo Horizonte o fluxo dos veículos coletivos caiu em março e se manteve no patamar de 50% de sua oferta regular, mesmo com o isolamento em vigência e até depois de duas flexibilizações de comércios e atividades específicas terem ocorrido em BH. A maior alta ocorreu em junho, quando, entre os dias 1º e 8, o aplicativo registrou oferta de 50,87% dos veículos de transporte de passageiros em comparação com o que se espera de um período normal, antes da pandemia.





Expansão exige monitoramento

A ampliação do tráfego neste quarto mês de pandemia (83 dias corridos) se mostra uma tendência nacional. De acordo com a Fiocruz, nas duas últimas semanas, todas as regiões metropolitanas experimentaram um aumento relativo de engarrafamentos antes mesmo de flexibilizações serem decretadas pelas prefeituras. Um movimento que a fundação avalia como importante de ser acompanhado de perto. “Nos próximos meses, em virtude do relaxamento das medidas de isolamento social, o aumento de fluxo de veículos e pessoas nas ruas deve ser monitorado por tecnologias e fontes de dados apropriados. Esses estudos permitirão traçar estratégias seletivas de contenção da circulação de pessoas e veículos”.
 
A Fiocruz observa que esse movimento contribui para a disseminação do novo coronavírus. “À medida que aumenta a circulação das pessoas nas grandes cidade e áreas metropolitanas, é provável que os casos graves de COVID-19 demandem cuidados intensivos para as populações residentes dessas áreas. Esse cenário, somado ao processo de interiorização e consequentemente aumento do envio de pacientes para cidades maiores, configura um panorama preocupante quanto ao limite da capacidade dos sistemas de saúde”, alerta.
 
A BHTrans informou que, pela média semanal, o movimento ainda não é o normal, mas  pouco abaixo dos índices anteriores ao distanciamento. “O patamar para o retorno pré-pandêmico são 279 mil veículos por dia. O dado de semana passada é de 228 mil veículos”, informou a empresa. O comitê da COVID-19 informou que monitora esses e outros índices para embasar as decisões de liberação de mais atividades e até de regresso a níveis mais restritivos, como vem ocorrendo em outros municípios mineiros onde as secretarias de Saúde perderam o controle da doença.



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O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.





Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:


Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 

  




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