A realocação de 270 servidores é o novo motivo para preocupação de equipes do Hospital Galba Velloso (HGV), referência em atendimentos psiquiátricos na capital. A decisão partiu da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), após diversos impasses que já se delongam desde março.
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A Asthemg produziu um documento solicitando formalmente a anulação da publicação de transferência dos servidores e uma reunião para que o destino desses trabalhadores seja discutido com base em "critérios técnicos".
Entre os profissionais realocados estão médicos, técnicos de enfermagem, técnicos de radiologia, fisioterapeutas, administrativos entre outras especialidades.
Destino incerto
A situação do Galba Velloso está incerta desde o início da pandemia do novo coronavírus em Belo Horizonte. Logo de início, o governo afirmou que utilizaria a unidade exclusivamente para o tratamento da COVID-19, o que gerou contestação de especialistas e do Ministério Público.
Após impasses judiciais, ficou definido, em abril, que a unidade seria exclusiva para "tratamentos de baixa complexidade" de COVID-19 - o que ainda não foi iniciado, mesmo com os pacientes da psiquiatria já tendo sido realocados para o Instituto Raul Soares, outra unidade especializada.
"O Galba Velloso não tem estrutura para receber pacientes de COVID-19, que requer uma estrutura mais complexa de rede elétrica e hidráulica. Precisa de uma grande reforma, o que é oneroso, demorado e ainda nem foi iniciado", comenta Martins.
Falta de atendimento psiquiátrico
A falta de locais para atendimento de pacientes com problemas psiquiátricos é outro fator que preocupa as equipes do Galba Velloso.
"O Raul não suporta sozinho todo o atendimento de psiquiatria. Já tivemos relatos de pacientes sendo recusados na porta por superlotação. Sem o Galba, a população vai acabar ficando sem alternativa psiquiátrica e sem hospital clínico pro coronavírus", argumenta o diretor da Asthemg.
Fhemig explica
Em nota, a Fhemig explica que a realocação aconteceu com o "objetivo de compor equipe na busca de maior resposta na assistência aos pacientes na linha de frente do enfrentamento à pandemia". A ação faz parte da terceira fase do Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH)
Completa, ainda, que todos os servidores "receberão treinamentos dedicados a cada área de atuação para garantir assistência robusta e qualificada e terão todos os seus benefícios mantidos".
Ainda segundo a Fundação, as obras estruturais serão iniciadas no Galba Velloso, "com o objetivo de oferecer os leitos de retaguarda" e ainda não começaram por estarem realizando uma transferência "gradual, responsável e humanitária" dos antigos pacientes para o Instituto Raul Soares, que somente foi concluída no último sábado. Garante, também, que, no momento, a unidade suporta toda a demanda de atendimento de psiquiatria.
"Por ser uma das maiores redes hospitalares do país, a Fhemig se esforça para organizar e garantir estrutura e recursos necessários ao suporte à rede pública de saúde estadual", conclui a nota emitida pela Fundação.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira