Mesmo em Belo Horizonte, que está entre as três melhores capitais nacionais em termos de índices de controle, as vagas de Unidades de Tratamento Instensivas (UTI) já estão com 82% de ocupação e as enfermarias com 64% de sua capacidade tomada.
“Nos preocupa muito essa situação, pois temos visto uma grande ocupação das nossas unidades. Destacamos a necessidade de habilitação de 349 leitos de UTI em BH e de remanejar 346 leitos e respiradores que nos permitirão ampliar (a capacidade de atendimento). Estamos nesse processo. Semana passada, conseguimos habilitar 35 leitos. Nossa expectativa é de conseguir abrir 375 até julho”, afirma a subsecretária municipal de saúde de BH, Taciana Malheiros Lima Carvalho.
Tamanha demanda em BH absorve as equipes dentro das unidades e dos 2.328 profissionais de saúde da linha de frente na capital, mais de 160 estão afastados com sintomas da infecção, cerca de 7% do total.
Nos dois centros especializados em COVID-19 (Cecovid) da prefeitura já foram atendidas 5.800 pessoas desde a abertura, em 3 de março, média de 52 pacientes por dia.
O Samu designou 17 ambulâncias especialmente para esse tipo de atendimento, 1.200 pessoas foram encaminhadas com sintomas das barreiras sanitárias e os canais de atendimento remotos têm média de 400 buscas diárias.
“Temos muitos desafios. Temos um protocolo grande de testagem em laboratório próprio, mas temos um laboratório de testagem molecular que está em fase final de implantação. Além da habilitação de leitos, não está fácil conseguir os medicamentos específicos para a entubação de pacientes graves”, disse a subsecretária.
Em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, a pressão exercida pelos pacientes de 57 municípios faz com que o dia a dia seja no limite para os gestores hospitalares.
“Dos 19 leitos que temos para pacientes de COVID-19 nos dois hospítais públicos e em um privado que nos cedeu lugares, 15 já estão ocupados neste momento, sendo 70% desses de UTI (casos graves). Neste momento estamos com estrangulamento também para leitos não COVID-19. Estamos com estrangulamentos em todos os setores”, resumiu a secretária de saúde de Teófilo Otoni, Maflávia Aparecida Luiz Ferreira.
“É uma região muito rica, mas desassistida. Precisa do seu hospital regional, que foi iniciado no governo passado, mas que deveria estar atendendo, não foi concluído e foi retomado nesta administração. A população da região tem um serviço de saúde pública menor do que deveria ter”, constata o presidente da comissão de saúde, deputado Carlos Pimenta (PDT).
No município de Uberlândia, que como Araxá e Santa Luzia recuaram da abertura de atividades e pregam o distanciamento social, o problema de leitos também é grave, sendo que no município do Triângulo a margem é perto de 100% de ocupação.
“Temos uma alta taxa de doentes, mas testamos 18 vezes mais que a média de Minas Gerais. Aqui o problema tem sido de conscientização, mas também de falta de medicamentos para pacientes graves e entubados”, disse o prefeito da cidade, Odelmo Leão (PP).
Há municípios em vazios assistenciais que também correm riscos, como Januária, em uma região sem atendimento de alta complexidade e carência no transporte de pacientes para locais adequados.
Mais controle no Sul de Minas
Apesar da proximidade com São Paulo, um dos expoentes da contaminação no Brasil, os municípios do Sul de Minas têm conseguido manter um controle rasoável. “O Sul demonstra muita responsabilidade. Veja como são os casos de Extrema, que de um momento para outro viu a pandemia crescer muito, mas os outros municípios conseguiram não deixar que o mesmo ocorresse”, destaca o deputado Carlos Pimenta.
No caso de Extrema, segundo Sílvia Regina Pereira da Silva, secretária municipal de saúde de Pouso Alegre e responsável pela região de saúde, a ocupação de leitos chegou a 100% da oferta de UTIs e ao registro de 6.183 casos positivos por milhão de habitantes.
“Contudo, não registramos pacientes de lá em outras unidades, o que mostra um controle. Temos situações ruins, como a de Camanducaia, com 3 mil casos para cada milhão de habitantes, mas a maioria segue bem, como Pouso Alegre, com 1.240 casos por milhão, dentro da média brasileira”, afirma a secretária.
Ela destaca a importância de se conseguir separar, localizar e tratar os casos ativos: “Apenas registrar o acúmulo de casos antigos e novos não aponta para soluções. O que discutimos é o foco nos casos ativos da doença”.
O presidente do Conselho das Secrertarias Municipais de Saúde de Minas Gerais, Eduardo Luiz da Silva, destaca que a habilitação de leitos é fundamental, pois muitos hospitais separaram esses lugares, contrataram equipes e insumos, mas só recebem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por pacientes em leitos habilitados.
Ele defende também que os municípios ingressem no Plano Minas Consciente, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), para a retomada gradual de suas atividades. “Há uma pressão social, oriunda da questão do distanciamento social e do cenário econômico. Muitos municípios dependem de transferências regionais e os comércios locais estão fragilizados. Quando começam a aparecer os casos precisam fechar os comércios. Defendo que utilizemos o Plano Minas Consciente para que as prefeituras possam ter uma orientação mais ampla e que pode aliviar na retomada da economia sem comprometimento da saúde”, disse.
“Estamos relativamente melhores que outros estados e nossa capital entre as três melhores. Isso mostra a seriedade dos trabalhos, mas a situação tem piorado. Os recursos estão chegando aos municípios, principalmente federais. Cidades pequenas estão recebendo recursos muito bons e podem dar conta para que não haja exarcebação da doença”, disse o presidente da comissão de saúde, deputado Carlos Pimenta.
Ele também chamou a atenção para a responsabilidade na destinação dos recursos públicos. “Há estados com problemas de superfaturamento e desvios, e em Minas Gerais não aconteceu e esperamos que não aconteça. A conta, mais cedo ou mais tarde, chega. Crime de improbidade administrativa não prescreve”, frisou.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
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Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
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Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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