Jornal Estado de Minas

PREOCUPAÇÃO À VISTA

Sindicato dos médicos de Minas Gerais denuncia falta de sedativos em BH

Taxa de ocupação dos leitos de UTI e enfermarias na capital disparou, com índice de 86% (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Não bastasse a preocupação com a rápida ocupação de leitos de UTI e enfermaria, os hospitais públicos e particulares de Belo Horizonte se deparam com mais uma dificuldade no período de expansão do coronavírus. A falta de sedativos e relaxantes musculares para o tratamento de pacientes já é um problema grave frequentemente enfrentado pelos médicos da capital mineira na luta diária para salvar vidas. 


 
 
De acordo com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), as indústrias farmacêuticas que fornecem os medicamentos às unidades de saúde de BH já não conseguem atender a demanda diante do aumento de casos e mortes por COVID-19. Para suprir a ausência nos estoques, médicos vem substituindo os sedativos por outras drogas similares, com aumento da chance de efeitos colaterais. 

Os sedativos em falta nos hospitais são o Midazolan, Fentanil, Cetamina e alguns bloqueadores neuromusculares. Os remédios similares na maioria das vezes não tem a mesma eficácia e custam mais caro.
 
 
De acordo com Maurício Meireles Góes, médico intensivista e diretor-jurídico Associativo do Sinmed-MG, os medicamentos são necessários para a entubação e na manutenção da ventilação mecânica dos pacientes: “O problema se não resolvido pode aumentar a mortalidade dos quadros de insuficiência respiratória grave, inclusive da Covid-19, levando a óbitos que poderiam ser evitados”.



Já o presidente do Sinmed-MG, Fernando Mendonça, mostra-se preocupado com o avanço da doença na capital com a flexibilização das medidas de isolamento social: “Mesmo a gente ainda sabendo que a maioria das pessoas não vai ter sintomas graves, a questão é aqueles 15% que vão precisar de um atendimento hospitalar e, desses, talvez 5% precisariam de um leito de CTI. E o que acontece? Se um grande número de pessoas ficarem doentes ao mesmo tempo, não terá vaga para todo mundo”. 
 
 
Belo Horizonte chegou a números alarmantes de ocupação de leitos, atingindo porcentagem de 86% nas unidades de terapia intensiva, maior índice desde que a cidade entrou em quarentena. Com o aumento de respiradores ocupados, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) cogita adotar o lockdown (fechamento total das atividades comerciais) para evitar a expansão da doença. 
 

Mensagem em conjunto 


Na noite desta terça-feira, vários médicos de Belo Horizonte divulgaram uma carta em conjunto para alertar a população sobre a gravidade da situação de infectados na capital. No texto, assinado por mais de 30 profissionais, eles pedem apoio e compreensão e pedem que as pessoas façam sua parte na luta contra a COVID-19. 



“O número de pacientes internados em UTI ao fim dessa terceira semana de junho é mais que o dobro que 30 dias atrás. O número de pacientes em ventilação mecânica artificial também é mais que o quádruplo do que a 30 dias atrás. Isso mostra que tem aumentado muito o número e a gravidade dos casos que estamos atendendo. É certo que o risco de uma pessoa se infectar está aumentando nessa mesma proporção. Por isso, para que não cheguemos a uma situação de colapso, é absolutamente essencial que aumentemos nossos cuidados e medidas de prevenção para conseguir reduzir a velocidade atual de transmissão”, diz a nota.