Jornal Estado de Minas

PRAÇA SETE

Uso de máscara: teimosos e relapsos desafiam fiscalização da PM em BH

A Auxiliar de farmácia Thaís Oliveira, de 23, foi flagrada para a reportagem sem máscara, mas se justificou: 'Foi só para falara ao telefone com a minha avó, que é surda', (foto: Edésio Ferreira/ EM D.A.Press)
"Atenção, cidadão! Aqui é a Polícia Militar. Novamente, precisamos da ajuda de todos. Saia de casa somente em caso de necessidade. Cuide dos familiares do grupo de risco e, se tiver que sair, utilize máscaras de proteção. E evite aglomerações". 

Quem passou pelo Centro da capital mineira na manhã desta quinta-feira (25) certamente  ouviu esta mensagem, propagada via megafone por viaturas da Polícia Militar de Minas Gerais nos 853 municípios mineiros. A ação faz parte do patrulhamento iniciado hoje pela corporação para garantir o cumprimento dos protocolos sanitários de combate ao novo coronavírus. Além da transmissão dos áudios educativos, a PM também passou a fiscalizar o uso de máscaras nas ruas. A medidas foram determinadas pelo governador Romeu Zema (Novo) nessa quarta (24) diante do avanço da pandemia no estado, que já tem mais de 90% dos leitos de UTI ocupados, além de 806 mortes e 32.769 infectados pela doença, segundo o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). 



Tudo indica que a corporação terá algum trabalho para cumprir a tarefa. Nem o vírus, nem a fiscalização foram suficientes para intimidar pessoas que circulavam pela Praça Sete nesta manhã - sem máscaras, com o equipamento de proteção mal posicionado ou afastado do rosto para o consumo de alimentos.

Ação educativa


Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
Na base móvel instalada no cruzamento entre as avenidas Amazonas e Afonso Pena, o Tenente Bruno bem que tentou orientar um senhor que se dirigiu ao posto para se queixar de um golpe. "Sacaram meu benefício, queria fazer uma ocorrência", disse o homem, que trazia a máscara dependurada no pescoço. "Pois não, vamos registrar, mas conserte a sua máscara, por gentileza", pediu o policial. O item, no entanto, estava frouxo e não parou no rosto do idoso mais do que dois minutos. 

O Tenente Bruno explicou que a abordagem é educativa. A ideia, num primeiro momento, não é coagir a população a cumprir as recomendações das autoridades de saúde. "Além do mais, as bases móveis têm outras prioridades, são uma espécie de extensão das delegacias. Quando a pessoa chega aqui sem máscara, a gente orienta, mas esse papel de vigiar as pessoas é das viaturas", esclareceu. 



A capitão Laylla Brunella acrescentou que a detenção ocorre apenas em caso de resistência ou desobediência, crimes previstos nos Artigos 329 e 330 do Código Penal, respectivamente. "Nesse caso, fazemos um B.O. e o infrator pode, sim, ser detido". A punição prevista para os delitos na lei vai até três anos de reclusão que, segundo advogados consultados pela reportagem, costumam ser convertidos em prestação de serviços comunitários.
 

'Minha avó'

O promotor de vendas Pierre de Moura Rosa, de 35, confessa que retira a máscara para oferecer seus produtos na rua. 'Trabalho gritando' (foto: Edésio Ferreira/ EM D.A.Press)
A auxiliar de farmácia Thaís Oliveira Gomes, de 23 anos, atravessava a Afonso Pena com a face descoberta por volta das 11h. Abordada pelo Estado de Minas, ela se justificou. "Retirei a máscara só porque estava conversando ao telefone com a minha avó, que é surda. A máscara abafa a voz e aí ela não me escuta, mas eu ando sempre protegida, foi rapidinho", alegou. Ao menos seguiu caminhando devidamente paramentada. 

O promotor de vendas Pierre de Moura Rosa, de 35 anos, deu à reportagem uma explicação semelhante ao ser flagrado sem a proteção. "Eu ando na linha, mas trabalho na rua gritando, oferecendo chips de celular para quem passa. De máscara, não dá pra fazer isso. Mas estou atento à fiscalização em BH e apoio, acho importante", comentou. Questionado sobre o risco de contaminar os pedestres com gotículas de saliva durante os apelos vocais, ele argumenta: "Só se eu estiver muito perto das pessoas. De longe, é tranquilo". 

PM iniciou fiscalização do uso de máscaras nas ruas dos municípios mineiros a pedido do Governador Romeu Zema (Novo) (foto: Edésio Ferreira/ EM D.A.Press)
Um idoso de 80 anos, que se identificou como 'Seu Teixeira', não se deu ao trabalho de se justificar ao ser surpreendido pela reportagem completamente desprotegido, tomando uma média na calçada, perto da agência do Banco Mercantil. "Só uso máscara quando estou trabalhando. A gente não pode ter medo de coronavírus. Ter medo é pior", aconselhou. 

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