Os impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus até o momento são imensuráveis. Desde março, quando a quarentena teve início no Brasil, muitas pessoas perderam o emprego ou tiveram a renda familiar reduzida drasticamente. Uma pesquisa feita pelo Google em abril mostra que quase metade da população brasileira perdeu dinheiro com o isolamento social. E esse cenário se reflete também nas famílias que têm algum membro com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
“A situação está difícil. Estou dentro de casa com a Giulia desde 13 de março. O pai dela está desempregado e não estamos recebendo pensão. Estou revezando o pagamento das contas para não ter nenhum corte. Eu cuido dela 24 horas por dia”, conta Cristina Naldoni, mãe da Giulia, que tem 17 anos e possui autismo leve a moderado, diagnosticado aos 2 anos.
O autismo é caracterizado por algum grau de alteração do comportamento social, comunicação e linguagem e por um repertório restrito, estereotipado e repetitivo de interesses e atividades, segundo a Associação de Amigos do Autista (AMA). O Brasil não possui números oficiais sobre quantas pessoas são autistas, mas, de acordo com o Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, uma em cada 59 crianças tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Os autistas precisam de cuidado e atenção constantes ao longo da vida e, em muitos casos, um membro da família deixa de trabalhar para dedicar seu tempo a essa pessoa. Assim ocorreu com Andrea Moura, mãe do Lucas, que tem 17 anos e foi diagnosticado com TEA aos 4. Ela precisou deixar o emprego para cuidar do filho e, agora na pandemia, o marido está trabalhando apenas 15 dias no mês, ou seja, com corte na renda. Lucas precisa de remédios e tem uma alimentação com restrições. Já teve crises causadas pelo stress do isolamento social, e possui também problemas respiratórios e cardíacos, fazendo parte do grupo de risco. “Antes já era difícil e agora, com a pandemia, está ainda mais. Meu marido recebe por comissão e estamos pagando só as contas básicas”, conta Andrea.
Grupo Conduzir
Essas famílias estão recebendo ajuda do Grupo Conduzir, formado por profissionais na área de Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e Psicopedagogia. Eles estão fazendo doações de cestas básicas, com alimentos e produtos de higiene para 142 famílias de baixa renda que possuem filhos autistas e são atendidos pela Associação de Amigos do Autista (AMA).
De acordo com a superintendente da AMA, Ana Maria Serrajordia, essa ação é um gesto de amparo a essas famílias. “O apoio, além da evidente ajuda da cesta básica, traz outro componente, que é o conforto de ver que algumas pessoas se preocupam com outras, e o nome disso é solidariedade. As famílias assistidas por essa campanha estão passando por dificuldades financeiras e, para elas, o gesto de apoio, além de ajudar a suprir suas necessidades básicas, também traz um alento de coragem e força”, ressalta.
Como doar
Quem tiver o interesse em ajudar essas famílias deve entrar no site da AMA em https://ama.org.br/colabore/ , escolher a forma de doação e o valor que deseja partilhar. Também é possível selecionar uma opção para doar recursos mensalmente à associação.
* Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa
* Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa