A iniciativa Ribeirão em Defesa da Vida - #NevesSemCorona nasceu a partir da mobilização de vários grupos e movimentos coletivos, com o objetivo de identificar, mapear e prestar solidariedade a famílias mais vulneráveis durante a pandemia do novo coronavírus. O movimento foi criado em Ribeirão das Neves, na Grande BH. A primeira remessa de alimentos, kits de higiene e limpeza, gás de cozinha, além de orientações de combate e prevenção à violência contra a mulher, chegou a 50 famílias.
Comerciantes, costureiras e produtores de hortaliças da agricultura urbana e familiar se uniram ao movimento.
O grupo lançou uma campanha de financiamento colaborativo independente, para que a comunidade se fortaleça e produza mais kits, com alimentos, produtos de limpeza, sabão caseiro, máscaras e álcool em gel. Tudo produzido e vendido pela própria comunidade.
O mapa que registrou as necessidades mais urgentes das populações em situação de vulnerabilidade em Ribeirão das Neves, durante a pandemia, foi elaborado a partir de depoimento de mulheres de regiões diversas.
Mas a movimentação vai mais além. Percebendo a gravidade da situação, os grupos decidiram elaborar uma metodologia de fortalecimento de territórios que estão enfrentando a COVID-19.
"É muito mais que fazer chegar alimentos às casas dessas famílias, mas também pensar na ponta da produção desses alimentos e escutar os saberes desses territórios no enfrentamento do coronavirus, sob a liderança das mulheres nessa cadeia", explica Debora Antoniazi del Guerra do coletivo Entinerâncias.
"É muito mais que fazer chegar alimentos às casas dessas famílias, mas também pensar na ponta da produção desses alimentos e escutar os saberes desses territórios no enfrentamento do coronavirus, sob a liderança das mulheres nessa cadeia", explica Debora Antoniazi del Guerra do coletivo Entinerâncias.
A abertura de chamada pública para situações emergenciais selecionou 11 territórios. Eles foram escolhidos a partir da capacidade de cada um se autoorganizar.
Para isso, cada território apresentou um Grupo de Autodefesa Territorial que são pessoas da comunidade que já atuavam no combate aos efeitos da pandemia em seus territórios. Esses grupos foram compostos majoritariamente por mulheres.
Para isso, cada território apresentou um Grupo de Autodefesa Territorial que são pessoas da comunidade que já atuavam no combate aos efeitos da pandemia em seus territórios. Esses grupos foram compostos majoritariamente por mulheres.
Assim, na primeira etapa, chegaram às famílias que necessitavam de kits de cuidado direcionados a mulheres em situação de violência, cestas básicas com alimentos da agricultura familiar, produtos de higiene, água, gás de cozinha, máscaras e outros itens emergenciais e de segurança territorial.
O mapeamento também permitiu identificar outros potenciais no município e indicou a necessidade de expandir os atendimentos. Foi criada uma plataforma que nos primeiros dias registrou 386 inscrições, permitindo o atendimento a 200 famílias.
A advogada e ativista dos direitos humanos Ana Paula Azevedo, do projeto cultural Casa do Livro, conta que a partir do mapeamento dos territórios "vimos que o número era bem maior. Detectamos ser necessário primeiro socorrer, mas que precisávamos de atender a outras necessidades".
Para isso, foi criado o movimento que resultou na união dos coletivos Agroecologia na Periferia, Etinerâncias, Cooperativa Eita e Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas.
Outra fase do projeto prevê a criação de uma rede entre pessoas da comunidade que produzem, comercializam, distribuem, organizam, cuidam e defendem seus territórios.
Alguns artistas, como Serginho Pererê, Maurício Tizumba e Bia Nogueira já se uniram à ação e colaboram com gravação de vídeos em fortalecimento da campanha, que conta com com o selo "Nossas Vidas Importam", promovido pela presidente Makota Celinha, do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira.
A entidade foi fundada por religiosas e religiosas da tradição de matriz africana.
Alguns artistas, como Serginho Pererê, Maurício Tizumba e Bia Nogueira já se uniram à ação e colaboram com gravação de vídeos em fortalecimento da campanha, que conta com com o selo "Nossas Vidas Importam", promovido pela presidente Makota Celinha, do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira.
A entidade foi fundada por religiosas e religiosas da tradição de matriz africana.
Campanha Comunidade Viva Sem fome
Lançada no sábado (20), a campanha Comunidade viva sem fome tem o propósito de fornecer uma cesta mensal de alimentos para 1.200 famílias que vivem em situação de extrema vulnerabilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante a pandemia.
As pessoas que quiserem colaborar podem preencher o formulário na página criada pelo programa. Ao se inscrever, o colaborador receberá informações por e-mail sobre as doações recebidas, comunidades atendidas e formas de participação.
Para saber mais, acesse o site da Comunidade Viva sem fome ou no site Bsocial.
Participam da campanha Associação Imagem Comunitária (AIC), Associação Mineira de Supermercados (AMIS), Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais e Movimento Dias Melhores
Em maio a campanha recebeu e entregou 1.100 cestas. Em junho, são 1.300 cestas, 12 mil máscaras de pano, 600 litros de leite, 500 quilos de macarrão, 500 quilos de biscoitos, 800 litros de água sanitária e 280 unidades de detergente.
Já são mais de 1.200 familias atendidas mais de 60 comunidades na Grande BH.
Já são mais de 1.200 familias atendidas mais de 60 comunidades na Grande BH.