A falta de testes combinada à detecção dos casos assintomáticos: essa são as hipóteses do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos para explicar o que pode ser uma subnotificação de até 20 vezes de casos de infecção pelo novo coronavírus em Belo Horizonte.
O resultado foi obtido a partir da análise dos esgotos da capital mineira e de Contagem, na Grande BH. O levantamento foi feito entre os dias 11 de maio e 12 de junho. Quando foi realizada a última coleta, no dia 12, a Secretaria Municipal de Saúde computava, oficialmente, 3.094 casos.
Porém, de acordo com os valores tabulados pelos pesquisadores com base na quantidade do vírus encontrada nos esgotos, Belo Horizonte tinha cerca de 50 mil casos de COVID-19 naquela data.
O aumento da concentração do novo coronavírus nos esgotos aconteceu, sobretudo, após as duas flexibilizações do comércio adotadas pela Prefeitura de Belo Horizonte: um acréscimo de aproximadamente 30 mil casos, conforme o estudo.
Ainda de acordo com a pesquisa, a defasagem aconteceu por causa do "número excessivamente baixo de testes clínicos realizados". E, também, porque "o monitoramento do esgoto tem o potencial de detectar os portadores assintomáticos do novo coronavírus".
O projeto-piloto é uma iniciativa conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis/UFMG).
Eles contam com a parceria da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES).