Os seis hospitais conveniados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Montes Claros, no Norte de Minas, anunciaram que suspenderam as cirurgias eletivas e estão realizando somente procedimentos em “casos emergenciais”. Eles alegam que a medida foi adotada devido à falta de anestésicos e relaxantes musculares e que o problema foi ocasionado em função da pandemia do coronavírus (COVID-19).
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O comunicado foi assinado pelas diretorias dos hospitais Aroldo Tourinho, Universitário Clemente de Faria (HUCF/vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes); Dilson Godinho, Hospital das Clínicas Mário Ribeiro (vinculado á Sociedade Educativa do Brasil/Soebrás, Pronto-Socorro e Santa Casa de Caridade de Montes Claros.
As unidades hospitalares alegam que a falta de anestésicos e relaxantes musculares – fundamentais no tratamento médico de pacientes em diferentes condições – é uma situação que ocorre “em todo território nacional”.
O comunicado diz que a questão também pode comprometer o atendimento dos casos graves da COVID-19. “Enfatizamos que, além do desafio de ampliar o número de leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) e respiradores, agora enfrentamos a falta desses medicamentos usados na entubação de pacientes graves com coronavírus. Sem esses remédios, a ventilação mecânica não pode ser feita de forma adequada e o paciente corre risco maior de morte”, diz o texto.
Diante do alerta, os hospitais fazem um apelo à comunidade: “Em razão do exposto, solicitamos a população de Montes Claros que fique em casa, saindo tão somente quando necessário”. Anunciam ainda que os procedimentos “não urgentes’ serão retomados tão logo a situação venha ser reguralizada.
Neste sábado, representantes do Ministério Publico Estadual de Minas Gerais (MPMG) e do Ministério Público Federal (MPF) também divulgaram um “comunicado ao público”, no qual abordam o problema da falta de estoques de medicamentos enfrentado pelos hospitais do SUS na cidade e reiteram o pedido para que “a população fique em casa, como forma de prevenção de acidentes e redução da contaminação por COVID-19”.
“O Ministério Público brasileiro acompanha a situação em âmbito local, regional e nacional. Não obstante, informa que ainda não há previsão concreta de normalização dos estoques de medicamentos no curto prazo”, diz a nota.
O comunicado é assinado pelos promotores Leandro Pereira Barboza, coordenador d Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macro Região Norte de Minas (CRDS) e Wellerson Guedes Cavalcante e pelo procurador Marcelo Malheiros Cerqueira, do MPF.
Ouvido pelo Estado de Minas neste sábado, o prefeito de Montes Claros, Humberto Souto (Cidadania) disse que a Prefeitura encaminhou uma notificação aos hospitais, enfatizando a responsabilidade das unidades hospitalares credenciadas pelo SUS na aquisição dos medicamentos e insumos para a garantia do atendimento à população.
Situação da COVID-19 no município
De acordo com boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, neste sábado, a cidade conta 242 casos confirmados da COVID-19 quatro mortes provocadas pela doença. 150 pacientes contaminados se curaram. Os hospitais locais tem 33 pessoas internadas com coronavirus, dos quais 18 de Montes Claros e 15 de outros municípios do Norte de Minas.
Neste sábado, a prefeitura inaugurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Chiquinho Guimarães, que, durante a pandemia, vai servir como hospital de campanha, dispondo de 60 leitos. A UPA vai atender casos de baixa complexidade, visando abrir vagas nos outros hospitais do município para casos mais complexos e pacientes graves da COVID-19.