Durante mais de duas horas no final da manhã deste sábado, os moradores de Congonhas, Região Central do estado, conviveram com uma densa nuvem de poeira. O problema é recorrente e acontece todos os anos no período do inverno. O tempo seco e ventos fortes espalham o pó que vem das intensas atividades mineradoras no entorno da cidade.
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Trégua no tempo seco: final de semana poderá ser de chuvas leves em MinasTempo seco deixa manhãs e noites geladas em BH e em MinasCongonhas enfrenta avanço da COVID-19 e crise intensa no turismoNuvem de poeira: Feam e Semad fazem vistoria para verificação da qualidade do arIncêndio de grandes proporções atinge a Serra do CurralComo não bastasse a preocupação com as barragens de rejeitos que apontam para riscos de rompimento, a população teme pela saúde de todos. Somente duas das maiores mineradoras, uma da CSN e outra da Vale, têm uma área de exploração maior que o território urbano do município.
De acordo com Sandoval de Souza Pinto Filho, técnico em mecânica aposentado, que registra em fotografias o fenômeno desde 2008, a cortina de pó de minério começou por volta das 10h30 da manhã e durou cerca de duas horas. "Nossa preocupação é que em agosto os ventos são mais fortes. A poeira vem da região da serra Casa de Pedra, Bandeira , Alto João Pereira e da áréa da Ferrous, lado Plataforma/Coelhos".
Os registros fotográficos de hoje, publicados no Facebook, tiveram grande repercussão com muitos protestos na rede social. Em julho de 2016, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), o Ministério Público de Minas e as empresas Vale, Ferrous e CSN firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a implantação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar em Congonhas.
Artigo publicado na página da Feam em maio de 2019, registra que os equipamentos do sistema seriam implantados em junho e entrariam em funcionamento em outubro. "Os dados gerados pelos equipamentos serão monitorados pela Feam. Os parâmetros analisados serão partículas totais em suspensão, partículas inaláveis, direção e velocidade do vento, pressão atmosférica, volume de chuvas, radiação solar global, umidade relativa do ar, entre outros", diz o artigo.
A CSN não se manifestou à reportagem até o fechamento da matéria. Em nota, a assessoria da Vale informou "que não foram identificadas anormalidades em suas operações em Congonhas e região. Os controles operacionais para redução de material particulado estão funcionando normalmente nessas unidades”.