De cada 10 pacientes internados na terapia intensiva da saúde pública de Belo Horizonte, pouco mais de três, em média, estão diagnosticados com a COVID-19. Segundo números do boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura nesta quarta-feira (1º), 32% dos doentes graves da cidade enfrentam quadros de infecção pelo novo coronavírus.
Essa é a mais alta representatividade de pacientes com COVID-19 ocupando leitos de UTI em BH desde o início da pandemia. Apesar de divulgados nesta quarta, os dados refletem o quadro da saúde pública na terça-feira (30).
Ainda conforme o boletim, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a doença que assusta o mundo caiu: de 87% na segunda para 85% na terça. Essa diminuição se deve, sobretudo, à ampliação da oferta de unidades de terapia intensiva: aumento de 22 vagas, de 309 para 331.
Com isso, o balanço mais recente apurado pela prefeitura registra 282 pacientes infectados pelo novo coronavírus em estado grave no sistema de saúde pública.
Apesar da melhora, BH ainda está na chamada zona vermelha da taxa de ocupação, o parâmetro mais crítico da escala de risco. Essa classificação é dada quando o indicador avança além dos 70%.
A ocupação dos leitos de UTI é uma das preocupações do Executivo municipal. O indicador se apresentou como peça-chave para o recuo na flexibilização do comércio em BH na sexta-feira (26).
Enfermarias
Se na terapia intensiva a taxa de ocupação caiu, nas enfermarias para COVID-19 os indicadores também decresceram. E melhor: saíram da chamada zona vermelha – já que houve variação de 71% nessa segunda para 69% nessa terça.
Diferentemente do observado nas UTI’s, a oferta de leitos clínicos não se alterou na cidade, ou seja, houve redução absoluta no número de internados.
No levantamento mais atualizado, são 550 pessoas infectadas pelo novo coronavírus nas enfermarias de BH. São 798 vagas do tipo no total.
Kalil
Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) disse que o principal problema da capital quanto à oferta de saúde pública gira em torno de profissionais intensivistas, não somente de leitos.
“Temos um problema que ninguém notou que se chama ‘gente’. Ser humano, atendente, enfermeira, fisiologista, fisioterapeuta... Respirador não salva ninguém não, o que salva é médico, enfermeira, atendente. Falaram em respirador, respirador, respirador. E o médico?”, afirmou.
O chefe do Executivo municipal também disse que pretende fazer convênios com hospitais privados para ampliar a oferta de leitos e profissionais de saúde. Contudo, não adiantou em que ponto estão as negociações.
“Se der tempo de a gente abrir esses 209 leitos que estão programados, com recheio (profissionais da saúde), nós não precisaremos (de convênio). Com fechamento da cidade, deve cair a taxa de ocupação. Isso é probabilidade estatística, matemática”, explicou o político.