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Estado de Minas

Número de mortos por COVID-19 no Brasil é maior que populações de 93% dos municípios de Minas

O número de mortos pela doença no país superou ontem os 61,9 mil. É como se comunidades do porte do Serro, Jaboticatubas e Turmalina, cada uma com cerca de 20 mil pessoas, tivessem perdido juntas todos os seus moradores em menos de quatro meses


postado em 03/07/2020 06:00 / atualizado em 03/07/2020 07:37

Municípios como Santa Rita do Sapucaí adotaram barreiras sanitárias para evitar a propagação do coronavírus(foto: Sindvel/Divulgação - 18/6/15)
Municípios como Santa Rita do Sapucaí adotaram barreiras sanitárias para evitar a propagação do coronavírus (foto: Sindvel/Divulgação - 18/6/15)

O número de mortos pela COVID-19 no Brasil, que alcançou ontem 61.884 pelo relatório do Ministério da Saúde, é também maior que as populações estimadas em 93% dos municípios mineiros. A comparação é outra forma de perceber a dimensão da pandemia. Desse ponto de vista, 795 cidades em Minas Gerais, do total de 853, têm população inferior ao conjunto de vidas perdidas para o novo coronavírus no país.

Levando-se ainda em conta os dados das mortes e o número de habitantes calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos menores municípios de Minas, os óbitos no país ultrapassam a soma de habitantes em 32 cidades pequenas do estado. É como se elas se tornassem cidades-fantasma quando comparados os números. Essa relação de municípios soma 59.729 habitantes ao todo.

A COVID-19 avança pelo interior. Em Minas, 715 municípios (83,82% do total) têm ao menos um caso confirmado da doença, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Em apenas um dia, quatro cidades do interior com menos de 50 mil habitantes registraram ontem o primeiro doente: Ouro Verde de Minas (5.934), Ritápolis (4.604), São Pedro da União (4.695) e Veríssimo (3.999).

Esse avanço da doença no país e o crescimento de casos de contaminação no interior de Minas preocupam profissionais da saúde. Geraldo Cunha Cury, médico infectologista e professor titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, atribui esse movimento à falta de cuidado da população, à falta de exemplo das autoridades e às flexibilizações do isolamento social em cidades que tiveram que voltar atrás após o comprometimento dos leitos disponíveis para tratamento dos pacientes com COVID-19 e outras enfermidades.

Com pequena população, Ritápolis registrou primeiro caso de contaminação, a exemplo de Ouro Verde(foto: Auremar de Castro/EM/15/4/05)
Com pequena população, Ritápolis registrou primeiro caso de contaminação, a exemplo de Ouro Verde (foto: Auremar de Castro/EM/15/4/05)


“A doença pode ser combatida com modos muito relacionados à atenção primária à saúde, isolamento social e uso de máscara quando sair de casa”, ressalta o professor da UFMG. “Falta exemplo das autoridades superiores, que causou um grande problema no Brasil”, critica o médico, que destaca a sobrecarga no sistema de saúde. “Os casos aumentaram muito provavelmente por causa da flexibilização. Temos várias cidades que não têm leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Então vão pra onde? É uma situação dramática”, pontua.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
O médico infectologista observou que em cidades grandes, como o caso de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a máscara na rua sempre foi uma raridade. “Falta exemplo de cima. O próprio Ministério da Saúde ficou à frente no início, mas agora está praticamente fora do controle”, disse Cury, que acredita na eficácia do método de transparência sobre o controle da pandemia na Prefeitura de Belo Horizonte por divulgar o “termômetro” de leitos e da transmissão. “Isso dá uma ideia bem melhor do que está acontecendo, então pode conduzir a flexibilização de forma mais segura”, afirma.
 

Testes


Outro problema sinalizado pelo professor é a testagem que ainda precisa ser feita de forma adequada. “A gente fala em 50 mil mortes, mas há muitas outras que ainda não foram diagnosticadas ou foram registradas como síndrome respiratória aguda grave (SRAG) porque o exame ainda não identificou. Tudo isso gera uma complicação muito grande”, lamenta o médico.

Segundo Cury, a testagem só é realizada em pacientes com sintomas de COVID-19 internadas em hospital. Os pacientes que são tratados em casa, sem muitas complicações, não passam pelo teste e ficam em confinamento. “Em Minas não tem disponível o exame PCR que seria necessário. A pessoa tem a doença, é tratada em casa e não é levado para a estatística”, explica o médico. “As pessoas estão morrendo e às vezes o teste não é feito. Temos centenas de pessoas que morreram cujo exame ainda está em andamento. E pode ser que nem fique pronto”, acrescenta. 

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 



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