Jornal Estado de Minas

BRUMADINHO

Rio Paraopeba tem metais pesados controlados, mas ainda há violações

Estruturas contém a força das enxurradas no Ribeirão Ferro-Carvão, afluente atingido do Paraopeba (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
A estiagem e os trabalhos de recuperação trouxeram uma melhora da qualidade das águas do Rio Paraopeba, segundo o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Mas as concentrações de manganês, ferro e alumínio continuam acima dos limites. Por outro lado, os metais pesados, extremamente prejudiciais ao meio ambiente, e a turbidez, que é a quantidade de partículas que deixam as águas turvas, estão satisfatórios pela medição de maio.


O Igam dividiu o Rio Paraopeba em 10 trechos de monitoramento com coleta de amostras, desde a primeira parte atingida pelo rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, operada pela Vale em Brumadinho, a Pompéu, na Barragem de Retiro Baixo. Na época do rompimento e nos 60 dias após a tragédia que matou 270 pessoas e devastou o Rio Paraopeba, foram encontradas concentrações muito elevadas de metais pesados nocivos à vida biológica, como chumbo, mercúrio, cobre, arsênio, cromo, cádmio e níquel. Bem como ferro, alumínio, manganês e alta turbidez.

Com a chegada da estiagem e o resultado dos trabalhos de recuperação do manancial, as medições de maio do Igam apontaram taxas elevadas apenas de manganês, ferro e alumínio. De acordo com o Igam, "esses resultados já eram esperados em função do período de estiagem e, consequentemente, interrupção das chuvas intensas do período chuvoso; e diminuição das vazões".

O gerente de meio físico da Vale, Vítor Pimenta, vê na melhora um sinal positivo. "Esses limites estão progressivamente se reduzindo com o período de estiagem. Isso é um indicador de que o rio pode ser recuperado e vamos continuar trabalhando para isso", disse.


Os índices de alumínio dissolvido máximo tolerado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é de 0,1 miligrama por litro (mg/l), mas sete pontos entre Brumadinho e Pompeu apresentaram essa violação, sendo os maiores, de 0,15 mg/l, em Betim, Pará de Minas e Pompeu. Nos demais quatro trechos as amostras ficaram abaixo.

As concentrações de manganês continuam altas, acima do limite, nos dez trechos entre Brumadinho e Pompeu, sendo Mário Campos a concentração mais nociva, com 0,269 miligramas por litro, quando o permitido é 0,1 mg/l. Após o rompimento esse nível chegou a 46,27 mg/l.

O ferro nas águas também está alto, em oito das dez medições, sendo o pior nível no trecho de São Joaquim de Bicas, onde também operam outras mineradoras e um sistema de transporte de minério por meio ferroviário à beira do rio. Nesse local, a concentração que não deveria passar de 0,3 mg/l atingiu 0,705 mg/l.

A alta turbidz estava presente em oito medições de Brumadinho a Curvelo, se manteve em excesso em todos os 10 trechos de Brumadinho a Pompeu, em abril, mas em maio não ocorreu nenhuma violação.

A Vale informou que a recuperação do rio Paraopeba é uma das prioridades. "A empresa implantou um conjunto de ações que impediu novos carreamentos de sedimentos para o rio e contiveram os rejeitos. Mais de 14 bilhões de litros de água cinco vezes mais limpa que o limite Conama já foram devolvidas", afirma. A empresa afirma que monitora 465 quilômetros do curso d'água.