O Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte enviou uma carta ao prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), em que pede o fechamento total da cidade, conhecido como “lockdown”. O documento também foi enviado ao secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, para pedir a abertura do hospital de campanha. O pedido considera a alta ocupação de leitos na capital e a velocidade de transmissão do novo coronavírus.
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“É lockdown já e nenhuma vida a menos”, afirma Carla Anunciatta, presidenta do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH). Segundo ela, a recomendação também foi feita tendo em vista a operação em sobrecarga do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) em BH, o que aumenta o risco de mortes de usuários atendidos.
“Estamos em uma situação dramática. As ambulâncias do Samu não estão conseguindo transportar. As UPAs estão lotadas. Tem hospital que não tem leito mais”, disse a presidenta, lembrando que a capital recebe pacientes de várias outras cidades do estado.
A recomendação feita ao prefeito foi aprovada pelo plenário do Conselho, com participação de usuários do SUS, trabalhadores e gestores, incluindo diretores de hospitais da capital. Essa resolução também reivindica à PBH aumentar o número de leitos em hospitais públicos e, se necessário, a compra de leitos de CTI em hospitais privados de BH – medidas já adotadas pela prefeitura.
“Pedimos o lockdown para tentar barrar a disseminação do vírus. A prefeitura fez a parte dela, mas a velocidade com que as pessoas estão se contaminando é maior do que a quantidade de CTIs que podemos colocar para funcionar”, alerta Carla.
Além disso, a mesma resolução, que também foi encaminhada à Secretaria de Estado de Saúde, solicitou a abertura imediata do Hospital de Campanha do Governo Estadual, o que ainda não ocorreu.
‘Kalil foi pressionado’
O órgão sinalizou que houve falha na flexibilização do comércio – o que o prefeito negou durante a coletiva de imprensa em que anunciou a volta à estaca zero.
“No início, as pessoas não estavam circulando, mas aí vieram as declarações irresponsáveis do governo federal e das pessoas que não acreditam no vírus. Em BH, houve a pressão do empresariado, que fez com que o Kalil abrisse gradualmente. Do dia 25 de maio (data da primeira flexibilização) até agora houve uma explosão de casos. Não haverá vagas e vão acontecer mortes porque não vai ter como assistir essas pessoas”, afirmou Carla Anunciatta.
Ainda segundo a presidenta, o conselho entende a preocupação com a economia, mas também comparou a doença com uma batalha. “Nessa hora de guerra a gente tem que pensar em preservar vidas”, disse.
Lockdown ou fase zero?
Desde a segunda-feira, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) decidiu recuar no processo de reabertura do comércio de Belo Horizonte. Desde então, apenas serviços considerados essenciais podem abrir as portas. No entanto, as pessoas continuaram saindo de casa e não houve muita mudança nas ruas, o que preocupa as autoridades de saúde.
Para a presidenta do Conselho Municipal de Saúde, o lockdown se faz necessário para que “as forças de seguranças estejam nas ruas para conduzir as pessoas para casa”, disse. Segundo ela, essa seria a diferença com a fase atual de flexibilização do comércio.
Prefeitura recebeu sugestão
Carla disse que o documento foi entregue nesta sexta-feira, e que ainda não obteve retorno. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou o recebimento da sugestão e deve avaliá-la.
O Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 afirmou que avalia que enquanto não surgir uma vacina para controle do novo coronavírus a cidade terá que conviver com reaberturas e fechamentos do comércio, dependendo dos níveis de avaliação.
O Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 afirmou que avalia que enquanto não surgir uma vacina para controle do novo coronavírus a cidade terá que conviver com reaberturas e fechamentos do comércio, dependendo dos níveis de avaliação.