Tradicional ponto turístico da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o local que ficou conhecido como Topo do Mundo voltou a receber dezenas de turistas na tarde deste sábado. Mesmo com os riscos de contaminação por causa da pandemia provocada pelo novo coronavírus, os visitantes insistiram em burlar a determinação das autoridades de saúde e foram ao local para ver o pôr do sol e fazer fotos. Mais uma vez, as barreiras de metal instaladas pela Prefeitura de Brumadinho - para impedir a passagem até o cume - foram destruídas, com invasão em massa das pessoas que se arriscaram a ir ao local.
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Respiradores feitos em MG aguardam homologação; Fiemg pede urgência à AnvisaBaldim, Jaboticatubas e Santana do Riacho têm barreiras sanitáriasBriga entre traficantes em festa, em Ibirité, termina com um mortoIncêndio assusta furões da quarentena no Topo do MundoDupla assalta pedestres no Centro de BH, foge em táxi, e é detida pela Polícia MilitarPelo menos 100 pessoas de todas as idades acompanharam o entardecer do sábado de céu limpo e comprometeram a segurança. Casais de namorados, famílias inteiras com crianças e praticantes de voo livre deixaram de lado o isolamento domiciliar para curtir a paisagem num período de total risco para a saúde. A maioria não usava máscara, contrariando mais uma orientação para se prevenir da COVID-19.
Um casal de Belo Horizonte decidiu ir ao Topo do Mundo para passear com a filha pequena, que estava sem máscara. “A gente costuma dar um passeio, mas sem sair do carro. Só dar uma volta para arejar a cabeça. Quando vemos que não há aglomeração, costumamos sair, mas com cuidado. Hoje (ontem), como houve mais movimento de pessoas, optamos por sair daqui”, disse o pai da menina, que não quis se identificar.
“Vimos o local livre e subimos até o topo. Imaginamos que não havia problemas”, justificou, ao ser questionado pelo fato de ter acessado um local que é bloqueado pela prefeitura.
Outro casal aproveitou a folga no fim de semana para ir ao ponto turístico.
Eles também falaram à reportagem sob a condição de anonimato. “Foi o primeiro dia que saímos para um lugar diferente, mas dá muito medo. Estamos trabalhando de casa. Estávamos curtindo a paisagem, mas preferimos descer depois que um monte de gente chegou até o topo”, disse a jovem, natural de Conselheiro Lafaiete e residente em Belo Horizonte.
No fim de abril, uma empresa terceirizada pela Prefeitura de Brumadinho instalou tapumes de 2,5 metros de altura para evitar a passagem de pessoas e o ponto turístico foi interditado, depois de pressão dos moradores da região. A Polícia Militar e a Defesa Civil têm feito inspeções, porém, ontem à tarde, nenhuma das corporações estava presente.
O local pertence ao distrito de Casa Branca, onde há muitos condomínios, além de ser opção de chegada ao Museu do Inhotim.
Irresponsabilidade
Em contato com o Estado de Minas, a Prefeitura de Brumadinho lamenta que o espaço tenha sido invadido mais uma vez pelos turistas. “A prefeitura tem consciência dos acontecimentos. A Defesa Civil vem fazendo a fiscalização, mas infelizmente as pessoas não respeitam a determinação”, disse o município, por meio de sua assessoria.
Segundo óbito
A cidade de Brumadinho registrou ontem o segundo óbito por COVID-19, mas aponta que ambos estão sob investigação. O último boletim da Secretaria Municipal de Saúde mostrou que são 270 casos confirmados e outros 282 que serão investigados pelas autoridades. Pelo menos 193 pacientes tiveram a doença descartada por meio de testes rápidos.