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Estado de Minas

Coronavírus: servidores querem fechar andar do Hospital João XXIII

Servidores denunciam exposição a risco aumentado no HPS e falta de testes. Categoria pede a interdição do sexto andar, onde ocorreram infecções


06/07/2020 06:00 - atualizado 06/07/2020 11:29

Segundo a associação dos empregados do João XXIII, já houve contaminação no CTI, no 5º e 8º andares(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Segundo a associação dos empregados do João XXIII, já houve contaminação no CTI, no 5º e 8º andares (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

 

O surto de COVID-19 que desperta apreensão entre pacientes, visitantes e servidores avança no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais do Estado de Minas Gerais (Asthemg) sustenta que 11 pessoas, entre elas dois funcionários, foram infectadas no sexto andar da unidade nos últimos dias. Desde o início da pandemia, casos também foram registrados, diz a entidade, no ambulatório, no CTI e nos quinto e oitavo andares.

 

A técnica em enfermagem Vera Gomes da Silva, que trabalha justamente no sexto pavimento do hospital, afirma que teve contato direto com os pacientes infectados e se queixa de falta de proteção e retaguarda por parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), gestora do hospital. “O que a gente está lutando é pela interdição do sexto andar e por testes”, afirma.

 

Oficialmente, a Fhemig informa que “o protocolo vigente estabelece que sejam testados os (servidores) sintomáticos e os que tiveram contato com casos confirmados”. A técnica Vera Gomes garante que não passou por exames. “São 36 pacientes e trabalhamos seis ou sete técnicos. Quando vou descansar, meus colegas me substituem. Então, a gente mexe com todos os pacientes do andar”, afirma a servidora.

 

A técnica, inclusive, estava escalada para trabalhar no HPS no turno da noite de ontem. “É preciso isolar o andar. A gente exige testes para todos do hospital, principalmente para quem trabalha no sexto. Ficamos com medo de levar a doença para dentro de casa”, afirma.

 

O presidente da Asthemg, Carlos Martins, que também trabalha no HPS, diz que uma greve pode ser convocada nos próximos dias, diante do que a categoria considera uma situação de risco para os servidores. “No quinto andar, uma enfermaria com quatro pacientes teve um diagnóstico positivo. Os outros três estão com sintomas e passaram pelo exame, mas ainda sem resultado”, afirma. “No oitavo, um paciente também já desceu para a sala 6 do ambulatório (dedicada a pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19)”, sustenta.

 

De acordo com a Fhemig, contudo, os casos dos demais andares são pontuais e aconteceram durante todos os meses da pandemia, sem qualquer relação com o surto do sexto andar. A fundação, porém, reconhece que o pronto-socorro “recebe diariamente centenas de casos não relacionados à COVID-19, mas que, em algum momento, podem ser pacientes infectados”.

 

A administração também pontua que Minas Gerais e BH passam por um momento de ascensão da pandemia, mas diante do “cenário de calamidade na saúde, todos os cuidados e medidas estão sendo reforçados nas unidades de saúde, balizados por protocolos clínicos, com notificações e acompanhamentos pelas autoridades sanitárias”. Também ressalta que “os Núcleos de Saúde e Segurança do Trabalhador estão à disposição” dos servidores.

 

Os pacientes vítimas do surto no sexto andar do HPS foram transferidos para o Hospital Eduardo de Menezes, no Barreiro, referência para tratamento de COVID-19. Todos eram pacientes crônicos. Além do isolamento imediato, a Fhemig sustenta que foi feita a desinfecção do terminal das enfermarias e aumentado o prazo de troca de acompanhantes: de 24 para 48 horas, para evitar a circulação de pessoas que têm contato externo.

 

 

Santa Casa


Também na Área Hospitalar, a Santa Casa de BH segue em situação complicada para oferta de leitos de enfermaria e UTI para a COVID-19. Depois de bater a marca de 100% no sábado, a unidade teve um pequeno respiro na terapia intensiva ontem: restavam cinco das 80 vagas para pessoas em estado grave da virose.

 

 

Nas enfermarias, o quadro é ainda mais crítico: dos 158 leitos para COVID-19, apenas cinco estavam desocupados ontem. Um motorista de ambulância que estava na frente do hospital por volta das 15h contou que em cinco horas de trabalho havia transferido cinco pacientes com a doença para a Santa Casa, que atende 100% pelo SUS e foi dividida em duas unidades, para separar o fluxo de pacientes infectados pelo coronavírus.

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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