Livres em meio à pandemia do novo coronavírus. Quase quatro meses depois de Minas Gerais ter confirmado o primeiro caso de COVID-19, o boletim epidemiológico mais atualizado registra 58.283 diagnósticos positivos da doença e 1.201 mortes. A despeito do avanço da pandemia, o estado tem 125 cidades sem registro da enfermidade que assusta o mundo – o equivalente a 14,6% dos 853 municípios mineiros. Os dados mostram que o isolamento social, apontado por especialistas como uma das maiores armas contra o vírus, é o principal aliado da maioria dessas cidades. Cerca de 60% delas têm taxas de adesão ao distanciamento maiores que a média estadual.
Entre essas cidades está Santana do Riacho, município marcado pelo movimento de turistas em busca do sossego e das aventuras da Serra do Cipó. Localizado na macrorregião Central do estado, o município tem quase 5 mil habitantes e credita o sucesso na pandemia até aqui à conscientização da população e às medidas adotadas pelo poder público.
Uma das ações da prefeitura local durante a pandemia foi o lockdown decretado no início de maio para frear a visita de turistas que ignoravam a quarentena. “Todas as medidas tomadas foram acompanhadas diariamente. O lockdown ajudou também. Quando flexibilizamos, isso foi feito de maneira parcial e fizemos vistorias nos estabelecimentos para saber se os critérios contra COVID-19 estavam sendo seguidos. Também sensibilizamos a população com faixas e divulgação sonora”, explica a secretária de Saúde de Santana do Riacho, Andréa Freire.
A medida mais recente adotada pela cidade foi a mudança de uma das barreiras sanitárias instaladas durante a pandemia. Enquanto a que funciona na entrada principal do município permanece no mesmo local, a que operava na Serra do Cipó foi transferida para o limite entre Santana do Riacho e as cidades de Baldim e Jaboticatubas, ambas na Grande Belo Horizonte e com casos confirmados da COVID-19. “Fizemos esse teste e vamos acompanhar os resultados para ver se vamos manter essa estratégia ou não”, afirma Andréa Freire, que aponta o investimento em testes como uma das alternativas que fazem da cidade ainda ser uma “ilha” em meio à crise na saúde pública.
Adesão
No Norte de Minas Gerais, estão 23 cidades sem registro oficial de contaminação pelo coronavírus. Fazem parte desse seleto grupo municípios como Olhos D'Água, Campo Azul e Ponto Chique. Desse universo total, 18 são as chamadas cidades 'fim de linha', municípios situados às margens de rodovias que dão acesso a diversos locais. Para quem chegar até elas, é só pegar o caminho de volta.
Santana do Riacho, na região Central de Minas, está entre as cidades com médias de isolamento social melhores que o observado no estado. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), 40,46% dos moradores do município respeitavam o isolamento social. A taxa média mineira é de 39,28%.
Entre as 125 cidades sem casos de COVID-19 em Minas, 74 têm médias de distanciamento social melhores que a do estado. O índice mais alto, entre os municípios ainda sem vítimas da pandemia, é o de Monjolos, também na Região Central do estado: exatos 50% da pequena população de pouco mais de 2 mil habitantes respeitam a quarentena.
A maioria das prefeituras sem registro de infecção pelo novo coronavírus é formada por cidades com população pequena. Apenas 8% dos 125 municípios têm mais de 10 mil habitantes: Água Boa, Areado, Chapada do Norte, Chapada Gaúcha, Conceição da Aparecida, Monte Belo, Pedras de Maria da Cruz, Prudente de Morais, Setubinha, Virginópolis.
Na mesma toada, 71 prefeituras (57%) administram municípios com menos de 5 mil habitantes. Entre elas, está Serra da Saudade, a menor cidade do Brasil, localizada na Região Oeste de Minas. Apenas 786 pessoas vivem na cidadezinha. Entre as 14 macrorregiões administrativas do estado, só duas não têm cidades sem casos de COVID-19: Vale do Aço e Triângulo do Norte. Por outro lado, o Sul de Minas Gerais lidera o ranking de municípios sem vítimas entre as regionais: 29 prefeituras sem qualquer diagnóstico.
Balanço Minas Gerais registrou mais 18 mortes e 2.325 casos confirmados da infecção causada pelo novo coronavírus em 24 horas. Com isso, o estado chegou à marca de 1.201 vidas perdidas e 58.283 diagnósticos da COVID-19. As informações fazem parte do último boletim epidemiológico publicado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG).
Dos 58.283 casos confirmados em Minas, 21.460 (36,7%) ainda são diagnósticos ativos, pessoas que estão em acompanhamento. Além das 1.201 mortes, 35.622 (61,1) pessoas já se recuperaram da enfermidade. Até o momento, 270 cidades mineiras registram ao menos uma morte por COVID-19. A taxa de letalidade – percentagem de doentes que morrem – permaneceu em 2,1%.
Entre todas as mortes, 74% são idosos, o que leva a média de idade dos óbitos para 69 anos. Outro detalhe do levantamento do estado diz respeito à percentagem de comorbidades entre os mortos: 82% deles apresentavam algum agravante. Além da idade, a hipertensão, doença cardiovascular, diabetes e pneumopatia são comuns entre as vítimas.
Ainda no boletim de ontem, Belo Horizonte deixou de ser a cidade com mais casos da COVID-19 no estado e foi ultrapassada por Uberlândia, no Triângulo Mineiro: 7.460 ante 7.385. No quesito vidas perdidas, contudo, a capital ainda tem a liderança com 176 óbitos, seguida por Uberlândia, com 110; Juiz de Fora, com 58; e Contagem, com 52.
PROTEÇÃO
14,6%
É o percentual de municípios mineiros que chegou ao fim de semana e não informou casos de contaminação e mortes pelo coronavírus
58.283
É o número de pessoas infectadas em Minas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde
Consciência estimulada dentro e fora de casa
De forma consciente
Festas de São João adiadas
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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