Um manifesto assinado por 70 entidades mineiras pede ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), mais firmeza no combate à COVID-19 na capital, com implantação de lockdown, se a ciência assim recomendar.
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Bruno Pedralva, um dos organizadores do manifesto e membro do Conselho Municipal de Saúde, explica que a carta de reivindicações é uma reação à pressão instalada em BH pela reabertura do comércio, medida que o grupo considera pouco razoável diante do avanço da pandemia.
O boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura nesta segunda-feira (6) mostra que 91% dos leitos de UTI da capital mineira estão ocupados. As vagas em leitos clínicos municipais também diminuíram: restam 28% livres. A Santa Casa, hospital filantrópico que responde por 100 leitos de terapia intensiva na capital, chegou a 100% de lotação das unidades disponíveis. O Instituto Mario Penna estuda cancelar cirurgias oncológicas agendadas por falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares, em falta no mercado em função da alta demanda durante a pandemia.
"A essência dessa reunião é fortalecer a posição do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 de PBH. Inclusive apoiamos sim o lockdown em Belo Horizonte caso essa seja a avaliação técnica do comitê", afirma Pedralva.
"A essência dessa reunião é fortalecer a posição do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 de PBH. Inclusive apoiamos sim o lockdown em Belo Horizonte caso essa seja a avaliação técnica do comitê", afirma Pedralva.
Veja a pauta do manifesto
- Apoiar às medidas mais contundentes de isolamento social como forma de prevenção à expansão da COVID19 em BH, conforme critérios técnicos definidos pelo Comitê de Enfrentamento da PBH, inclusive ao “Lockdown”, se necessário;
- Fortalecer medidas de combate à fome, miséria e desemprego para garantir os direitos humanos fundamentais;
- Ampliar ao máximo o número de leitos de enfermaria e CTI disponíveis à população de Belo Horizonte para que pessoas não morram sem assistência adequada;
- Garantir proteção à saúde às trabalhadoras e trabalhadores da saúde e condições adequadas de trabalho, considerando que compõem a linha de frente no combate à COVID19;
- Articular ações para proteção à saúde das trabalhadoras e trabalhadores dos serviços essenciais de Belo Horizonte, em especial nos seus locais de trabalho e no transporte público;
- Ampliar a testagem para todos os profissionais da saúde e todas pessoas com suspeita de infecção pela COVID19 para um diagnóstico mais preciso da situação de saúde das pessoas, comunidades e da população de BH;
- Instituir medidas para uso obrigatório de máscaras de proteção em espaços públicos, no transporte coletivo e estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, mesmo diante dos vetos do presidente Bolsonaro à Lei Federal 14.019/2020 que exclui a obrigatoriedade em órgãos e entidades públicas e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos, instituições de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas;
- Proteger as usuárias e usuários do SUS BH em seus direitos sexuais e reprodutivos, com reorganização da atenção à saúde da mulher, ações efetivas de atenção pré-natal nas UBS, continuidade de atendimento de planejamento reprodutivo e abertura da Maternidade Leonina Leonor, tendo em vista a necessidade de evitar a contaminação e as mortes maternas por Covid19 nos hospitais gerais;
- Atualizar de modo permanente os protocolos e as orientações técnicas para abordagem às pessoas com a COVID 19 e a própria doença, sempre amparados nas melhores evidências científicas disponíveis, dentro dos diversos serviços de saúde da cidade;
- Qualificar o planejamento urbano para acolher a população sem teto; garantir durante a pandemia a continuidade do acolhimento e da assistência integral às pessoas em sofrimento mental e a usuários de álcool e outras drogas, sempre em serviços abertos, efetuando para isso melhorias e adequações necessárias na RAPS do município para proteção de usuários e trabalhadores contra a COVID19; ampliar casas de acolhida e medidas de proteção a mulheres e crianças em situação de violência doméstica, pessoas em situação de rua e idosos.