Jornal Estado de Minas

SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS

Fundador da Ricardo Eletro passa por exame de corpo de delito em BH

 

O fundador e ex-acionista da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, passou por exame de corpo de delito na noite desta quarta-feira (8) em Belo Horizonte. O procedimento aconteceu no Instituto Médico-Legal (IML), localizado no Bairro Gameleira, zona Oeste da capital mineira. 





 

Ricardo chegou ao local por volta das 19h10, duas horas depois de desembarcar no Aeroporto da Pampulha, também em BH. Ele estava acompanhado de oito policiais divididos em três viaturas.

 

O homem permaneceu no IML por aproximadamente 20 minutos. Antes, o comboio também fez uma parada no Ministério Público de Contagem, na Grande BH, onde a operação também cumpriu mandados.

 

Segundo a Polícia Civil, após conclusão dos serviços de Polícia Judiciária, o empresário segue para o sistema prisional. 

 

Ricardo Nunes foi preso na manhã desta quarta, quando a Polícia Civil, a Receita Estadual e o Ministério Público de Minas Gerais cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e três de prisão em cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de São Paulo.



As ordens visavam empresários ligados à rede de varejo especializada em eletrodomésticos. Os mandados são fruto de uma operação contra lavagem de dinheiro sonegação fiscal.

As autoridades estimam que os empresários tenham sido beneficiados em R$ 387 milhões pelas infrações nos últimos cinco anos. Entre os gestores alvos da operação está Ricardo Nunes. Parentes do administrador, como o irmão mais novo, Rodrigo Nunes, e a filha mais velha, Laura Nunes, também são suspeitos.


“As investigações começaram em 2018, através de inquérito policial, onde foi verificado que o investigado mantinha conduta, de forma reiterada, para omissão do pagamento, se apropriando do ICMS não recolhido. Em contrapartida, o seu patrimônio, das empresas patrimoniais em nome da filha e da mãe, só crescia. A partir desse momento, de uma ocultação do dinheiro sonegado, representamos ao Poder Judiciário pelo sequestro dos bens patrimoniais, sendo deferido em torno de R$ 60 milhões, visando ressarcir os cofres do estado de Minas Gerais”, detalhou o responsável pelo inquérito, o delegado Vitor Abdala. 



Em Belo Horizonte, uma mansão no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, foi alvo de mandados. O segurança da residência de luxo foi preso por desobecer ordem policial. Em Contagem, na Região Metropolitana de BH, no Bairro São Mateus, o centro de distribuição da Ricardo Eletro também foi visitado pelas autoridades.

Outro lado


A Ricardo Eletro informa que Ricardo Nunes e/ou familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019, que hoje tem controle acionário diferente. A Companhia vem trabalhando para superar as crises financeiras que a assolam desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019.

Vale ainda esclarecer que operação realizada hoje (08/07) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores à gestão atual da Companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a Companhia.

Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo Eletro reconhece parcialmente as dívidas, e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais.

A Ricardo Eletro se coloca à disposição para colaborar integralmente com as investigações. 


(Com informações de Matheus Muratori)