A Justiça mineira revogou as prisões de Laura Nunes – filha do fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes – e do diretor-superintendente da empresa, Pedro Daniel Magalhães, na noite desta quarta-feira (8).
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“Ela (Laura) teve a prisão revogada porque prestou depoimento, respondeu todas as perguntas que foram formuladas, colaborou com a investigação e não havia nenhuma razão para ela continuar presa”, explicou Marcelo Leonardo.
De acordo com ele, Laura já está na casa da família, localizada em Belo Horizonte. A expectativa do advogado é que a prisão de Ricardo Nunes também seja revogada nesta quinta-feira (9).
Tudo vai depender, contudo, do depoimento prestado por ele na delegacia da Polícia Civil adjunta ao Ministério Público em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo Marcelo Leonardo, o depoimento de Ricardo Nunes, o fundador da gigante do varejo de eletrodomésticos, deve acontecer na manhã desta quinta.
Ainda conforme o defensor, a família só vai se manifestar sobre o caso depois que tiver acesso à integra dos autos do processo.
O caso
Ricardo Nunes foi preso na manhã desta quarta (8), quando a Polícia Civil, a Receita Estadual e o Ministério Público de Minas Gerais cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e três de prisão em cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de São Paulo.
As ordens visavam empresários ligados à rede de varejo especializada em eletrodomésticos. Os mandados são fruto de uma operação contra lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
As autoridades estimam que os empresários tenham sido beneficiados em R$ 387 milhões pelas infrações nos últimos cinco anos. Entre os gestores alvos da operação está Ricardo Nunes. Parentes do administrador, como o irmão mais novo, Rodrigo Nunes, e a filha mais velha, Laura Nunes, também são suspeitos.
“As investigações começaram em 2018, através de inquérito policial, onde foi verificado que o investigado mantinha conduta, de forma reiterada, para omissão do pagamento, se apropriando do ICMS não recolhido. Em contrapartida, o seu patrimônio, das empresas patrimoniais em nome da filha e da mãe, só crescia. A partir desse momento, de uma ocultação do dinheiro sonegado, representamos ao Poder Judiciário pelo sequestro dos bens patrimoniais, sendo deferido em torno de R$ 60 milhões, visando ressarcir os cofres do estado de Minas Gerais”, detalhou o responsável pelo inquérito, o delegado Vitor Abdala.
Em Belo Horizonte, uma mansão no Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, foi alvo de mandados. O segurança da residência de luxo foi preso por desobecer ordem policial. Em Contagem, na Região Metropolitana de BH, no Bairro São Mateus, o centro de distribuição da Ricardo Eletro também foi visitado pelas autoridades.
Outro lado
A Ricardo Eletro informa que Ricardo Nunes e/ou familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019, que hoje tem controle acionário diferente. A Companhia vem trabalhando para superar as crises financeiras que a assolam desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019.
Vale ainda esclarecer que operação realizada hoje (08/07) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores à gestão atual da Companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a Companhia.
Em relação à dívida com o Estado de MG, a Ricardo Eletro reconhece parcialmente as dívidas, e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o Estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais.
Com informações de Matheus Muratori