Jornal Estado de Minas

Coronavírus: rede de saúde de BH em alerta e sob pressão

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)


Em estado de alerta em relação à ocupação de leitos no sistema de saúde, Belo Horizonte recebeu solicitações de 60 municípios do interior para internação de pacientes com suspeita de COVID-19. O número corresponde ao período entre 1º de março e 5 de julho, conforme levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, solicitado pelo Estado de Minas.


 
Ao todo, foram feitas 5.406 solicitações de internação para pacientes com suspeita de COVID-19 em Belo Horizonte. Desse número, 780 pedidos (14,4%) foram provenientes de pacientes de outras cidades. Em relação aos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), a capital recebeu 1.067 requisições, sendo 312 (29,2%) de municípios do interior e da Região Metropolitana (RMBH).
 
Entre os 60 municípios que pediram o auxílio do sistema de saúde de Belo Horizonte, Sabará lidera a lista, com 22,1% das requisições. A cidade, de acordo com o boletim epidemiológico de ontem da Secretaria Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), tem 331 casos confirmados de COVID-19. Em 8 de junho, ou seja, há um mês, eram 51. Um aumento de 549%.
 
“Temos que fazer uma avaliação dos 59 municípios, porque é o seguinte: são municípios totalmente diferentes e de regiões diferentes, de acordo com as macro e microrregiões. Nós pertencemos a uma microrregião onde temos 13 cidades, incluindo Belo Horizonte, entre outros municípios. Como somos regulados por Belo Horizonte, a vida toda temos que pegar o nosso paciente e levar para Belo Horizonte. Levando para a capital, BH faz o tratamento do paciente e recebe por aquele paciente via Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse o prefeito de Sabará, Wander Borges, à reportagem.


 
Ontem, a Prefeitura de Sabará conseguiu credenciar 20 leitos da Santa Casa da cidade junto à Secretaria Estadual de Saúde. Em março, a administração municipal já havia tentado cadastrar as unidades, mas não obteve sucesso. Com isso, o ‘plano B’ do Executivo era pagar as vagas com recursos próprios, caso, de fato, não conseguisse acrescentar o reforço no sistema estadual. Um respiro no sistema de saúde da cidade, que continuará tendo a regulação de BH.


 
“Recebemos com muita alegria (a notícia do credenciamento dos leitos), sobretudo com esforço desse conjunto de ações. Eu falo que esta guerra contra a COVID-19 é uma guerra que todos nós estamos perdendo, mas que a gente tem que lutar, unir forças, para solucionar os problemas. Estamos felizes e satisfeitos. Vamos continuar atendendo os nossos pacientes com uma retaguarda direta da cidade, mas, também, não deixaremos de participar da regulação da capital, que está pactuada por meio do SUS aqui no estado”, afirmou.
 
A SES informou à reportagem que faz um estudo em todas as regiões do estado para identificar a quantidade de leitos já existentes e quantos são passíveis de ampliação, levando em conta equipamentos, recursos humanos e profissionais de saúde. Novas aberturas de leitos, de acordo com a pasta, seguem todos os critérios no Plano de Contingência Regional, que mapeia hospitais e instituições de saúde que poderiam ter oferta ampliada de vagas.


 
Outras cidades da RMBH também estão entre as principais solicitantes de internação para pacientes com suspeita de coronavírus, como Santa Luzia (18,2%), Ribeirão das Neves (10,4%), Vespasiano (8,5%) e Pedro Leopoldo (5,5%). Os cinco municípios representam mais de 60% dos pedidos. O restante é dividido entre as outras 55 localidades.
 
Historicamente, 43% das internações nos hospitais de Belo Horizonte são de pacientes de outros municípios. Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, todo o planejamento feito para atendimento à COVID-19 levou em consideração o fluxo de demanda hospitalar para Belo Horizonte das cidades da região metropolitana e de outros municípios.

Ocupação recorde


No boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde ontem, Belo Horizonte registrou a maior taxa de ocupação de leitos de UTI para a COVID-19 desde o início da pandemia, com 92% das unidades ocupadas – no boletim de segunda, o número estava em 91%. A capital, de acordo com os dados da pasta, tem 360 leitos de terapia intensiva para pacientes com COVID. Ontem, restavam apenas 29.


 
Ao todo, BH conta com 1.025 leitos no total (UTI COVID-19 e demais doenças). Desses, 88% estão ocupados. O quadro é classificado na zona vermelha, uma vez que passou da faixa dos 70%. Quando entra nessa situação, há maior risco de colapso do sistema de saúde, o que dificulta uma eventual flexibilização das atividades econômicas.
Já em relação aos leitos de enfermaria, em Belo Horizonte, são 937 para COVID-19 no total. Desses, 76% estão ocupados, segundo o último boletim, também recorde. Considerando todos os 4.600 leitos de enfermaria da rede SUS na capital, a taxa de ocupação era de 67%. (Colaborou Gabriel Ronan)