“Graças a Deus estou ótimo”, comentou Adriano Gonçalves Mol, 58 anos, ao ter alta do Hospital Keralty Barreiro, em Belo Horizonte, na manhã deste sábado. O motorista de ônibus passou mais de 40 dias lutando pela vida após ser diagnosticado com a COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus. A esposa e um dos filhos, que tem 30 anos, também testaram positivo, mas não precisaram de internação. Hoje, recuperados, comemoram a vitória de Adriano, que desenvolveu a forma grave da doença e chegou a perder 30 quilos.
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Zema anuncia abertura do Hospital de Campanha do Expominas na segunda-feiraPresente em 88% dos municípios, COVID-19 já soma 73.813 e 1.550 mortes em Minas GeraisCOVID-19: paciente recebe alta da UTI depois de um mês de internação em MGFamília não vela produtor rural por suspeita de COVID-19, mas exames dão negativo'A mulher ao meu lado no CTI faleceu': o relato de um personal trainer que venceu o coronavírusIrmãos brigam e são detidos pela PM com quatro armas em ContagemApós a internação do marido, Helena e o filho foram orientados a realizar o teste e descobriram que contraíram a doença. A diarista conta que apresentou apenas perda de apetite, enquanto o rapaz não teve sintomas. Eles ficaram em isolamento em casa. Os familiares recebiam atualizações sobre o estado de saúde de Adriano por telefone. As ligações eram recebidas pela outra filha do casal. “Depois que ele saiu do CTI, vim para o hospital e fiquei com ele por 18 dias”, contou. Ela já estava recuperada quando passou a acompanhar o marido na unidade.
A cardiologista Déborah Eulálio dos Santos faz parte da equipe médica que acompanhou Adriano durante todo o período. Ela destacou que, por ser hipertenso, o motorista faz parte do grupo de risco. No Centro de Terapia Intensiva, ele chegou a depender de ventilação mecânica para respirar e também apresentou uma infecção, o que os levou a administrar medicações para manutenção da vida. Com o tempo, veio a melhora e ele foi transferido para a enfermaria, onde foi retirada a traqueostomia a sonda de nutrição. Os procedimentos foram realizados nos últimos dias.
Ela avalia que ele teve uma boa resposta imunológica. “Ele está saindo em um bom estado geral, vai voltar a andar, ganhar peso. Ele perdeu 30 quilos. Agora vai fazer fisioterapia, fez acompanhamento com a fonoaudióloga”, detalhou a profissional. A cardiologista também informou que nem a cloroquina ou outros medicamentos que vêm sendo citados como possíveis tratamentos para a COVID-19 foram usados nele.
“A gente tem tido, graças as Deus e à assistência precoce, boas respostas nos tratamentos. Ver um paciente que passou por toda essa situação, passou por todos os percalços, sair, é uma satisfação muito grande. É gratificante, ficamos muito contentes”, pontuou.
Alívio e conselho
Em uma cadeira de rodas e segurando uma placa com os dizeres “Eu venci o COVID-19”, Adriano saiu sob aplausos dos profissionais que o acompanharam. Mesmo de máscara, era possível perceber o sorriso do motorista, que pôde ver o céu claro deste sábado ao sair ao ar livre após mais de um mês na cama de um hospital. “No início a cabeça roda, a gente não sabe de nada. Pra mim, fiquei 25 dias ‘morto’ na UTI”, disse. Ele destacou o bom atendimento do corpo clínico e fez um alerta à população. “Tem muita gente que não está respeitando (o isolamento social e medidas de segurança). Eu tinha muito medo de pegar e acabei pegando, e feio. Tem que tomar cuidado mesmo”, enfatizou. “Foi um milagre. Operamos tudo com a ajuda de Deus, dos médicos, tivemos muita força. Temos que agradecer a Deus e a todos, amigos, familiares”, completou a esposa, Helena.