Jornal Estado de Minas

VITÓRIA DA VIDA

Bebê de um ano de idade recebe parte do fígado do pai em transplante pioneiro em Minas

Uma nova vida espera a pequena Valentina de um ano de idade, que recebeu alta na última sexta-feira (10), dois meses depois de passar por um transplante hepático intervivos pediátrico, realizado pelo Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh. O procedimento é inédito no estado. 




 
Com apenas seis quilos e diagnóstico de cirrose hepática por deficiência de alfa-1-antitripsina (AATD) — doença genética que pode causar complicações graves no fígado —  Valentina só tinha uma opção de tratamento possível; o transplante de fígado.

“Tínhamos três possibilidades: encontrar um doador falecido do tamanho dela, o que é muito raro, reduzir o fígado de um doador adulto falecido, em boas condições clínicas, ou realizar o transplante intervivos”, explicou o Coordenador do Grupo de Transplante Hepático do HC-UFMG, o cirurgião Leandro Navarro Amado.

Como o número de doações de órgãos caiu muito durante a pandemia e Valentina não podia esperar, o transplante intervivos foi o mais indicado. Neste tipo de transplante de alta complexidade, uma pessoa saudável e com o tipo sanguíneo compatível com o do receptor, é a doadora.  Ela tem uma parte do fígado retirada, por meio de cirurgia, e colocada no lugar do fígado da criança doente. Não é necessário aguardar em fila de espera pela doação do órgão. 





(foto: Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh/Divulgação)
A equipe responsável pelo transplante formada por 15 profissionais, entre médicos e enfermeiros precisou redobrar os protocolos de segurança visando a saúde de pacientes e equipe em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O empreiteiro Alexandre Lopes Pereira, de 39 anos, pai da criança, foi testado negativo para a COVID-19 dois dias antes do transplante.

Na data do procedimento, uma pequena parte do fígado do pai de Valentina, foi então removida e, quase que simultaneamente, implantada no bebê. Pai e filha ficaram juntos o tempo todo no bloco cirúrgico.

 “Foram aproximadamente oito horas de cirurgia. O curto espaço de tempo em que o órgão fica fora da circulação (cerca de 50 minutos) é o maior diferencial do transplante hepático intervivos, pois o funcionamento do fígado é imediato, sendo o resultado muito melhor”, destacou.

Após a alta, Valentina e Alexandre passam bem. Assim como acontece no transplante hepático intervivos adulto, o fígado vai se regenerar tanto no doador quanto no receptor, que neste caso é uma criança.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira 

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