Jornal Estado de Minas

Kalil vê 'guerra' perto do fim e se reúne com lojistas

Críticas e parasitas do vírus, esse pessoal nojento que fica se aproveitando de mortos e de situações dramáticas, isso não me afeta. O que me afeta é morte Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 2/7/20)

Gabriel Ronan, Guilherme Peixoto e João Vítor Marques

Quase quatro meses se passaram desde a confirmação do primeiro caso de coronavírus em Belo Horizonte. Desde aquele 16 de março, foram registrados 10.618 diagnósticos positivos para a COVID-19 na capital mineira, dos quais 270 resultaram em mortes. Em meio à propagação acelerada da doença e à alta demanda por internações no sistema público de saúde, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) resolveu dar um alento aos comerciantes belo-horizontinos, que têm pressionado pela reabertura dos serviços considerados não essenciais. “A guerra não acabou, mas está caminhando para acabar”, garantiu o chefe do Executivo municipal, embora ainda não haja datas definidas para a chegada de uma vacina no mercado nem para a flexibilização das medidas de isolamento social na cidade.


 
Em transmissão ao vivo nas redes sociais no fim da tarde de ontem, Kalil previu uma melhora nos números da cidade – reflexo da retomada de medidas mais rígidas de isolamento a partir de 29 de junho, quando a capital recuou no processo de flexibilização. “Volto, humildemente, a pedir desculpa para vocês (empresários) e a dizer que não adianta a pressão. Nossos números já estão melhorando. E vão melhorar. Estamos muito preocupados com empregos e empresários”, assegurou.
 
Segundo os dados mais recentes divulgados pela PBH, 89% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 75% dos leitos de enfermaria específicos para pacientes com COVID-19 na rede pública da cidade estão ocupados. A expectativa da administração municipal é que o aumento no número de equipamentos, previsto para os próximos dias, faça as taxas caírem e propicie a retomada das atividades comerciais.
 
Por isso, Kalil tenta restabelecer o diálogo com o empresariado. Após cancelar a reunião da última semana com representantes do setor em função dos números desfavoráveis da pandemia, o prefeito anunciou que agendou um novo encontro para amanhã e indicou que a reabertura das lojas está próxima. “Eu queria dizer para todos vocês que o caminho foi muito longo, mas parece que nós estamos chegando ao final. Ao final de um novo tempo, de uma nova era, que logicamente vai demorar a ser o normal que nós todos conhecemos. Os protocolos estão ficando prontos. Isso (fechamento do comércio) não é infinito”, disse.


 
Embora tenha sinalizado com a flexibilização das medidas de isolamento social, Kalil voltou a dizer que não cederá à pressão e indicou que só reabrirá o comércio com aval dos especialistas do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19. “Nós não pensamos em outra coisa, a não ser abrir a cidade. É respeitar um pouco a ciência e a lógica”, afirmou, ao mencionar um exemplo internacional para defender que a reabertura não deve ser precipitada. “Copiamos o que o mundo inteiro está fazendo, o que deu certo. Quem abriu antes da hora... A Flórida, nos EUA, por exemplo, ultrapassou Nova York, porque (autoridades) não aguentaram a pressão e mataram gente por pressão.”

CRÍTICOS Em tom de desabafo, Kalil voltou a demonstrar descontentamento com os ataques que tem sofrido por manter fechado o comércio não essencial. “Críticas e parasitas do vírus, esse pessoal nojento que fica se aproveitando de mortos e de situações dramáticas, isso não me afeta. O que me afeta é morte”, disse. Em outro momento, o prefeito minimizou parte dos questionamentos à gestão da PBH. “Quero agradecer à população de Belo Horizonte pelas mensagens. Sei exatamente o que é robô e o que não é. Nós temos essa tecnologia”, afirmou, em referência às mensagens que tem recebido nas redes sociais.
 
“Eu não fui eleito para agradar ninguém. Fui eleito para cuidar da população. Ninguém sabe o que estou passando, ninguém tem ideia do que eu estou passando. Agora, tem uma coisa que não vou levar para a minha vida, para as minhas costas, que é morte. E a morte está cada vez mais perto. O doente agora é seu vizinho, seu amigo, é o conhecido do seu conhecido. E ela está chegando muito próxima da gente”, concluiu.