Jornal Estado de Minas

COMÉRCIO

COVID-19: Kalil vai analisar proposta de reabrir todo o comércio de BH

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
O prefeito Alexandre Kalil (PSD) prometeu a empresários que analisará proposta de reabrir todo o comércio de Belo Horizonte. Atualmente, apenas os serviços considerados essenciais podem funcionar, como estratégia para desacelerar a disseminação do novo coronavírus.



Em reunião com o prefeito e empresários na tarde desta quarta-feira (15), o presidente do Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), Nadim Donato, apresentou o projeto. A ideia é que todos os setores - incluídos aqueles que estão fechados desde março, como shoppings centers - possam abrir.

A proposta prevê o seguinte modelo de funcionamento:

  • Comércio de rua (Hipercentro, bairros, galerias e centros comerciais): aberto entre terça-feira e sexta-feira, nos horários pré-definidos pela PBH; fechado entre sábado e segunda-feira;
  • Shoppings centers: aberto entre quarta-feira e sábado, das 12h às 20h; fechado entre domingo e terça-feira.

“Não vai haver reabertura na próxima semana, mas a prefeitura ficou de estudar um ‘quatro por três’ proposto por nós. O Sindilojas fez uma proposta, junto com outros sindicatos, de abertura de ‘quatro dias por três’. Seriam quatro dias em que todo o comércio abriria as portas, e três dias fechados”, explicou Nadim, após a reunião.



Em entrevista coletiva, o secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão, André Reis, confirmou que a proposta será avaliada pela prefeitura. Integrante do Comitê de Enfrentamento à Epidemia de COVID-19 de BH e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano avaliou positivamente o encontro com os comerciantes, mas frisou que, diante do avanço da COVID-19 na cidade, ainda não é possível colocar o protocolo em prática.

“Esses protocolos que estamos recebendo são muito bem-vindos, porque partem de pessoas que estão vivendo o dia a dia do funcionamento dos seus estabelecimentos. Portanto, dão dicas importantes, que contribuem para nós analisarmos os nossos próprios protocolos de abertura. Mas esses protocolos e essas contribuições só poderão ser aplicados na prática quando acharmos que existe chance de começar a flexibilização”, alertou.

No processo de tomada de decisão sobre a reabertura ou não do comércio, a administração municipal avalia três indicadores com atenção especial: o número médio de transmissão por infectado (Rt) e as taxas de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e leitos de enfermaria.



Segundo dados publicados pela PBH nessa terça-feira e que se referem ao dia anterior, BH tem 84% das 390 UTIs específicas para pacientes com COVID-19 ocupadas. Nas enfermarias - que somam 1.072 destinadas a pessoas que contraíram o vírus -, a taxa está em 76%. De acordo com os parâmetros estabelecidos pelo comitê, os índices estão no nível vermelho (acima de 70%) de alerta.

Já a divulgação mais recente do Rt foi feita na última sexta-feira (10). Na ocasião, o índice estava em 1,11, no patamar amarelo de alerta (entre 1 e 1,2). Ou seja, cada 100 pacientes transmitiam a doença para outros 111.

“Como estamos ainda com uma aceleração exagerada na demanda por leitos nos hospitais públicos e privados, não podemos ainda prever datas, pois estaríamos sendo irresponsáveis. Temos dois dos três indicadores no vermelho e um no amarelo. Estamos vivenciando o pior período da pandemia em Belo Horizonte e em Minas Gerais. Nós não sabemos nem se chegamos ao pico. E se chegamos ao pico, não sabemos quanto tempo este platô durará. Então, acho que é um erro, uma irresponsabilidade, programar datas (para reabertura) quando os nossos indicadores estão no pior momento e não sabemos como vai ser o comportamento (da curva de infecções) amanhã ou depois de amanhã, muito menos na próxima semana”, ponderou o especialista.

De acordo com boletim epidemiológico publicado na manhã desta quarta-feira pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Belo Horizonte é a cidade de Minas Gerais com maior número de casos e óbitos. A capital soma 12.123 pacientes com diagnósticos positivos para a COVID-19, dos quais 296 morreram.