O governador Romeu Zema (NOVO) não poupou críticas aos bancos particulares e federais durante fala em evento na manhã desta sexta-feira (17). O chefe do executivo estadual disse que linha de crédito são "oxigênio" para sobrevivência das empresas e que "morosidade e burocracia" dos bancos pode aumentar, ainda mais, a mortalidade dos negócios.
Em sua fala, Zema mencionou como a crise provocou fortes abalos em quase todos os setores da economia mineira, destacando o turismo e os eventos. "Outros ramos foram muito afetados também, mas não com perdas tão grandes como esses, que tiveram quedas de 80% a 90%", afirma.
Em seguida, emendou ressaltando a importância das linhas de crédito para a sobrevivência das empresas neste momento. "O desafio no momento é prover oxigênio para as empresas. Não adianta ter um banquete lá na frente se não tem oxigênio agora. E esse oxigênio é a linha de crédito", diz.
Garantiu estar acompanhando a situação das empresas de perto. "Estou acompanhando com entidades como CDL, Fecomércio e Fiemg e não tem sido fácil para os empresários obterem a linha de crédito", defende. Por consequência, os bancos foram alvo de duras críticas do governador. "Estamos insistindo com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para facilitar isso. Tenho conversado com o ministro Paulo Guedes e solicitado a ele que reveja", conta.
A "burocracia e a morosidade" dos bancos, em sua visão, pode piorar a "mortalidade das empresas". "Essa burocracia e morosidade na obtenção de crédito pode fazer com que a mortalidade de empresas seja muito superior ao que estamos esperando. Sobrevive não quem é bom, mas quem tinha reserva e era cauteloso. São coisas diferentes", argumenta.
O governador também aproveitou a ocasião para enaltecer o trabalho do próprio estado, por meio do Banco do Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG). "Aquilo que depende de Minas, do BDMG, estamos disponibilizando. O BDMG tem liberado mais de R$ 2 bilhões em operações e, como Estado, beneficiando a situação, ao postergar pagamentos", conclui.
Situação do agronegócio
A Secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas, Ana Maria Soares Valentini, também esteve presente no evento e aproveitou para da um panorama da situação do agronegócio em Minas. "Estamos firmes para enfrentar a pandemia", diz.
Ela destacou que alguns setores do agronegócio passaram por dificuldades, como o de floricultura, mas que, no geral, o balanço é positivo. "Estamos passando bem. Crescemos bastante nesse semestre, tivemos recorde na produção de grãos e a perspectiva de colher a nossa maior safra de café", conta. A agropecuária correspondeu a 1/3 do PIB de Minas neste semestre, segundo a secretária.
Valentini comemorou o crescimento das exportações, que teve resultados superiores a 2019. Relembrou, também, o sucesso dos frigoríficos frente à crise. "Elaboramos protocolos de segurança desde os primeiros momentos para o setor de proteína animal, granjas e frigoríficos. Isso foi fundamental para que mantivéssemos sem nenhum problema", afirma.
* Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira