Belo Horizonte tem sofrido nas últimas semanas com uma alta ocupação dos seus leitos de terapia intensiva destinados a pacientes com a COVID-19. Apesar das constantes ampliações na oferta, o indicador permanece na zona vermelha há 37 dias consecutivos.
Para o infectologista Unaí Tupinambás, membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19 montado pela prefeitura, contudo, o cenário pode melhorar em breve.
De acordo com Unaí, há chance de queda na ocupação das UTIs a partir da semana que vem. “Está surtindo efeito (o distanciamento social). Infelizmente, ainda não apareceu nas internações e UTIs. Talvez, no meio da semana que vem, a gente espera, que a ocupação comece a cair”.
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), porém, ressalta que não é o momento de relaxar diante da pandemia.
“Temos que manter a queda dos casos durante pelo menos três semanas para daí começar a pensar nas formas de sair do isolamento. Isso é um sinal de que parece que deu certo. A gente tem que ser muito humilde, porque não dá para cantar vitória antes da hora”.
Segundo boletim epidemiológico publicado pela Saúde municipal nesta sexta-feira (17), o índice de ocupação das UTIs chegou à marca dos 88%. O indicador diz respeito à situação do dia anterior.
De acordo com a PBH, 345 das 392 unidades de terapia intensiva estão em uso. Para efeito de comparação, no levantamento anterior 85% das UTIs estão em uso: 335 das 392.
São 10 pacientes a mais em estado no SUS-BH nas últimas 24 horas.
BH tem até esta sexta 13.700 casos confirmados da COVID-19: 3.063 pessoas ainda enfrentam os sintomas da doença, 10.308 já se recuperaram e 329 morreram.
“Há uma tendência de redução nos casos confirmados (nas próximas semanas). Quando reduzem os casos confirmados, reduz também os casos graves e mortes. No entanto, a ocupação das UTIs continua alta, estabilizou lá em cima. A notícia boa é que não subiu. A notícia ruim é que estabilizou”, analisa Unaí Tupinambás.
Queda da transmissibilidade
A Prefeitura de BH divulgou nesta sexta também o número médio de transmissão por infectado pelo novo coronavírus, o chamado Rt. No levantamento, a capital mineira registrou a menor taxa de transmissão desde maio: 1,00.
Para o infectologista Unaí Tupinambás, a queda é reflexo do menor uso do transporte público na cidade, considerado um dos vilões da pandemia.
“O isolamento sinaliza para a população que é necessário um cuidado maior. A população está aderindo ao distanciamento social, ao uso de máscara. Aumentou o fluxo de carros, então as pessoas estão andando com o carro próprio ou aplicativo, o que reduz o risco de transmissão”, pontua.
Segundo avaliação dos especialistas do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19, o ideal é que o Rt fique abaixo de 1,00. Esse cenário indicaria que a propagação do vírus está em queda.
Ainda assim, é preciso cautela para que o indicador não volte a subir nas próximas semanas e cause uma segunda onda de infecção em BH.
“Estamos no caminho certo. Talvez, a gente possa ter atingido o número máximo de casos e estar estabilizando. Agora, a gente torce para que comece a cair e para que as pessoas não relaxem”, destaca o especialista da UFMG.
Para analisar o indicador, a PBH adota uma escala de três cores: verde (menor que 1,00), amarelo (entre 1,00 e 1,20) e vermelho (acima de 1,20). Portanto, o Rt da capital mineira está no nível intermediário de alerta.