Com o objetivo de facilitar e democratizar o acesso aos dados da transmissão de COVID-19 em Belo Horizonte, a urbanista Eugênia Viana Cerqueira lançou a plataforma "COVID BH 2020". Trata-se de um mapa interativo que permite visualizar números de casos, óbitos e letalidade por bairro de maneira simplificada. Para acessá-lo, clique aqui.
A plataforma usa como base os boletins semanais de casos divulgados pela prefeitura. "Por si só já são informações importantes, mas comecei a ter curiosidade de visualizar a informação de outras formas, para além de só os números absolutos", explica. Para além dos números de casos e mortes por bairro, a plataforma já faz cruzamento desses dados e fornece taxa de letalidade e número de casos e óbitos por habitante.
Eugênia também destaca que a disponibilização de dados em um mapa facilita visualização e análises. "Pode ser que haja uma concentração na região Centro-Sul, por exemplo, mas proporcionalmente essa distribuição acontece de outras formas. Em outras cidades vimos uma disseminação na periferia. É importante ver essa disseminação espacialmente", detalha.
O próximo passo da construção da plataforma é realizar uma análise do acesso aos equipamentos de saúde. "Coloquei ontem a distribuição espacial dos leitos, mas ainda só tenho so dados do SUS. Vou adicionando e a ideia é realizar o cálculo de acessibilidade para ver quais populações são mais vulneráveis à possível falta de acesso ao serviço", projeta.
Motivação
A motivação inicial da urbanista partiu da simples curiosidade de enxergar os dados e compará-los com outras metrópoles. "Mas rapidamente isso evoluiu pra criação de um instrumento de utilidade pública, que concentrasse a informação e que pudesse ser visualizado de maneira simples pra quem não é da área técnica", conta.
Cerqueira agora trabalha na disseminação desse projeto. "Quero eventualmente gestores que possam visualizar de forma mais fácil e que isso possa ajudar de alguma forma a auxiliar na tomada de decisões, além de ajudar a conscientizar a todos a realizarem o isolamento social", diz.
A plataforma teve recorde de acessos nos primeiros dias e agora a urbanista pretende seguir atualizando os dados para que o site seja uma fonte frequente de consulta por parte da população. "Muita gente veio comentar comigo, interessada. Todo mundo quer saber a situação do bairro, do bairro do amigo. A intenção é que tenha uma difusão ainda maior e possa servir a cada vez mais pessoas", esclarece.
Estrutura
Eugênia Cerqueira é arquiteta e urbanista pela UFMG e fez mestrado e doutorado em urbanismo e planejamento na França, quando teve os primeiros contatos com análise de dados.
"O site é um código script de programação, que eu acabei aprendendo no mestrado e doutorado. Mas, até então, eu nunca tinha feito uma plataforma pública, só em análise pra minha pesquisa", relembra.
A urbanista conta que, com os números em mãos, só demora dez minutos para atualizar os dados do site. "Defendo muito a disfusão e a abertura em massa de dados. Isso tem sido cada vez mais incentivado e necessário para que a gente possa ver o que está acontecendo", conclui.
O projeto é 100% voluntário, totalmente realizado por Eugênia e não tem afiliação com nenhuma pesquisa de universidade ou outros setores do poder público.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira