Jornal Estado de Minas

Carreata em BH protesta contra Bolsonaro e Zema com abraço de veículos ao redor da capital

Uma carreata em oposição ao governo Bolsonaro e Zema ganhou as ruas de Belo Horizonte na manhã deste domingo. A necessidade de manter o distanciamento social, para evitar o contágio pelo coronavírus, modificou o tradicional abraço à cidade organizado pelo Coletivo Alvorada. A partir desse cenário surgiu a ideia do Abraçasso Automotivo e Musical, que contou com 14 pontos de concentração de veículos próximos à Avenida do Contorno. A ideia é percorrer a via em toda a sua extensão.



A parte musical ficou por conta da Rádio Favela (106.7 FM), frequência sintonizada no sistema de som de todos os veículos participantes. “Essa questão musical entrou porque algumas ações, como os panelaços, estão perdendo a adesão das pessoas. Então estamos fazendo esse experimento via rádio. E a Rádio Favela é uma emissora de periferia, que abrange uma população que a gente precisa alcançar”, explicou um integrante do Coletivo Alvorada que se identifica como Munish.

Segundo o membro do coletivo, a pauta da manifestação é denunciar a política “neoliberal e entreguista” do governo Bolsonaro/Mourão. “Um abraço para dizer que somos contra esse projeto e contra o que esse governo representa. E ‘Fora Zema’ também porque ele está atrelado a esse projeto neoliberal que já fracassou na Europa. Onde o Estado mínimo foi aplicado não surgiu nenhum benefício para a sociedade, só a concentração de renda para poucos”, opinou.

Em reunião da bancada nesta terça-feira, os deputados do PSDB reafirmaram a decisão de defender a instalação da CPI do Apagão Aéreo na Casa, mantendo a divisão dos partidos de oposição. O DEM, ex-PFL, quer a instalação da CPI no Senado. O argumento do Democratas é que, na Câmara, o governo tem maioria ampla, ao contrário do Senado, e poderia controlar as investigações. "Há divergências, não disputa. Para o governo, quanto mais divergência (na oposição), melhor", afirmou o líder tucano, Antonio Carlos Pannunzio (SP), reconhecendo que a oposição dividida e, portanto, mais fragilizada, agrada ao governo. O líder tucano na Câmara disse não achar "lógico" instalar uma CPI no Senado sobre o mesmo tema mas não pedirá mais aos senadores que não assinem o pedido de CPI.



Os tucanos não escondem mais a insatisfação com os ex-pefelistas. Para Pannunzio, a CPI nasceu no PSDB, as assinaturas no requerimento foram recolhidas pelo partido - que recorreu ao Supremo Tribunal Federal para tentar garantir o seu funcionamento - e o DEM, agora, quer tomar para o partido uma iniciativa que foi dos tucanos. No entendimento de deputados do PSDB, o DEM ficou sem o protagonismo da oposição na Câmara e vai atrás de holofotes no Senado propondo a mesma CPI lá.

Os dois partidos também divergem na tática de pressionar pela CPI. O Democratas está obstruindo as votações do plenário até que o Supremo decida sobre a instalação ou não da CPI. Os tucanos têm entendimento diferente e não obstruem os trabalhos. "Nós queremos esvaziar a pauta. Não vou dificultar a votação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), porque o governo não terá mais pauta para apresentar e porque eu quero botar os projetos de interesse do PSDB para votar", argumentou Pannunzio.

Outro episódio marcou a divisão da oposição. Pannunzio cancelou a participação em um jantar ontem com o líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), mas o DEM manteve a confirmação. O jantar acabou não ocorrendo com a desistência tucana. Pannunzio ficou irritado ao ver insinuações de que, no encontro com Monteiro, poderia haver a sugestão de que o governo daria mais verbas aos Estados governados pelo PSDB em troca de o partido abrandar as investigações sobre o apagão aéreo. Ele considerou as insinuações maldosas. "Estão depondo contra os princípios do partido que é de oposição. Nunca poderão acusar o PSDB de fazer negociata ou acordo para abrandar e ser menos oposição", protestou Pannunzio.



Para dar mais força à manifestação, o Coletivo Alvorada chamou para participar do Abraçasso Automotivo e Musical a Frente Brasil Popular e a Frente Brasil sem Medo, que abrange partidos de esquerda, sindicatos e coletivos. Apesar disso, Munish garantiu que o ato de hoje não tem qualquer conotação político-partidária e eleitoral.

Antifas

Os coletivos antifacistas das torcidas do Cruzeiro e do Atlético também participaram da manifestação. Eles se concentraram na Praça da Bandeira, Região Sul de Belo Horizonte, e caminharam pela Avenida Afonso Pena até o cruzamento com a Contorno, onde interagiram com a carreata.