O número de casos de COVID-19 entre os servidores da saúde pública em Belo Horizonte disparou nos últimos 31 dias. Entre 26 de junho e esta segunda-feira (27), a quantidade de diagnósticos saltou de 299 para 788: uma diferença percentual de 163,5%.
Os dados são dos boletins epidemiológicos da prefeitura, divulgados sempre nos dias úteis no site do Executivo municipal.
Neste fim de semana, a PBH registrou a primeira morte de um profissional da saúde pela doença: o técnico em enfermagem Gerônimo Batista Pires, que trabalhava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Barreiro.
De acordo com a PBH, 21 categorias profissionais diferentes já tiveram ao menos um diagnóstico da doença no SUS-BH. Dos 788 diagnósticos, 299 já tiveram o cargo identificado pela prefeitura.
A função mais vitimada pela pandemia até aqui entre os servidores da saúde é a de técnico em enfermagem, exatamente a de Gerônimo Batista Pires. São 132 casos positivos entre esses profissionais.
Na sequência, aparecem os enfermeiros (37 casos), os agentes comunitários de saúde (33) e os médicos (31). Entre os 299 com cargos especificados, 200 trabalham em centros de saúde e 68 no pronto-atendimento: Samu e UPAs.
Outro lado
A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informou que "desde março até o dia 3 de julho, 487 profissionais tiveram a jornada de trabalho ampliada temporariamente, para dar maior suporte às unidades de saúde".
Além disso, o governo sustenta que "foram contratados 1.171 profissionais, dos quais 311 profissionais para aberturas ou ampliações de serviços, 440 profissionais para recomposição de equipes e 420 ampliações temporárias de jornada". Também esclarece que "estão em andamento, mais 302 contratações para essas frentes de ações".
A PBH informou também que "o cenário assistencial para definir a necessidade de abertura de novos serviços específicos de atendimento aos casos suspeitos de Covid-19 é avaliado diariamente".
"Todos os agentes públicos lotados na Saúde com sintomas da Covid-19 são testados, assim como aqueles assintomáticos com contato domiciliar da doença. A Secretaria mantém diálogo constante com o sindicato", completou o Executivo municipal.
Primeira morte
Morreu na madrugada deste domingo (26), por COVID-19, Gerônimo Batista Pires, o primeiro profissional de saúde do SUS-BH a perder a vida para a pandemia. Ele estava internado no Hospital Júlia Kubitschek, no Barreiro, em BH.
De acordo com o primeiro-secretário do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel) e membro do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH), Bruno Pedralva, o técnico de enfermagem trabalhava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Barreiro.
“Nosso técnico de enfermagem da UPA Barreiro e do SUS-BH lutou por mais de três semanas no CTI. Lutou como um toro, com garra – como sempre trabalhou. Mas, faleceu há exatas quatro semanas após um plantão caótico num domingo, quando mais de oito pacientes aguardavam CTI por mais de 12h, com apenas dois respiradores mecânicos e uma sala de emergência com apenas seis leitos”, escreveu Pedralva na rede social Facebook.
“Estive com ele nesse plantão: ele e seus EPIs derretiam com seu esforço e seu suor para cuidar dos pacientes”, completou o médico.
Em nota, o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, manifestou “o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento”.
“Seu empenho e dedicação serão sempre lembrados por todos os amigos e colegas. Aos familiares, amigos e colegas de trabalho, externamos nossos votos de paz e solidariedade”, completou o titular da Saúde municipal.