Sob o mote de "nenhuma vida a menos", os profissionais da saúde, por meio do Sindibel (Sindicado dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte), realizaram, na manhã desta terça -feira (28), uma manifestação reivindicando melhores condições de trabalho na linha de frente.
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"Nossa reivindicação é que os governos criem possibilidade de desafogar as UPAs. Elas estão superlotadas e é onde a população mais procura, o que, indiretamente, aumenta a possibilidade de contaminação dos profissionais de saúde. Algumas sequer têm estrutura adequada para a situação da pandemia, são pequenas, apertadas e propícias para a propagação do vírus tanto para os profissionais quanto para os pacientes", argumenta Israel Arimar de Moura, presidente do Sindibel.
Ainda de acordo com o Sindicato, foi registrado um aumento de 130% no número de trabalhadores contaminados com o novo coronavírus nos últimos 30 dias, totalizando 299 infectados - sendo, a maioria desses, técnicos de enfermagem. "Eles é quem são a real linha de frente", completa Moura.
A solução proposta pelo sindicato é a abertura do Hospital de Campanha do governo do estado, montado no Expominas e concluído em abril. "Além de abrí-lo, é preciso que ele tenha leitos de UTI e que também faça o atendimento primário a quem apresenta sintomas. Só assim ele será efetivo para desafogar as UPAs", alega o presidente do Sindibel. A unidade foi projetada para oferecer 740 leitos de enfermaria e 28 de estabilização.
A Secretaria de Estado de Saúde afirma, em nota, que o Hospital de Campanha é uma "reserva técnica", com conceito de "hospital de porta fechada" - utilizado apenas após deliberação em caso de necessidade. Completa que o governo está "disponível para atender todas as demandas das prefeituras" e que, no caso de BH, "aguarda contato para auxiliar o sistema tão logo acionado".
Informa, ainda, que "tem trabalhado diaramente para ampliar o número de leitos no estado, mantendo estável as taxas de ocupação". De fevereiro pra cá, a ampliação de disponibilidade foi de 76,3% nos de UTI e 77,8% nos de enfermaria.
Já a Prefeitura garantiu, em nota, que a UPA Barreiro "funciona normalmente em plena condição material e de pessoal", seguindo todos os protocolos de segurança e com infraestrutura adequada para atendimento. Lembra que a unidade passou por reformas e adequações, além da instalação do Centro Especializado em COVID-19 (Cecovid).
Informa, ainda, que 487 profissionais tiveram a jornada ampliada temporariamente para oferecer suporte, além de 1.171 que foram contratados e outros 302 em vias de contratação. Desses, 264 foram destinados às UPAs. Diz, ainda, que todos os agentes públicos com sintomas da COVID-19 são testados, assim como os assintomáticos que tenham contato com a doença. Por fim, assegura que mantém diálogo constante com o sindicato.
Com relação aos casos de COVID-19, a PBH afirma que há monitoramento contínuo da incidência da doença, repassando recomendações de acordo com a especificidade de cada situação. No caso da UPA Barreiro, informa que não há infecções de trabalhadores desde maio.
Homenagens
Os profissionais de saúde não esconderam a emoção durante as homenagens a Gerônimo. "Ele gostava muito de fazer o que fazia. Eu posso ficar aqui o dia inteiro falando que não conseguiria descrever a grandeza que ele foi e segue sendo em nossas vidas", disse, em comoção, a técnica de enfermagem Rosana Martins.
"Era uma pessoa muito bacana. Tinha um carinho muito grande pelo usuário, além de ter feito várias coisas que marcaram a UPA. Chamava ele até de Doutor Gerônimo, de tão dedicado que ele era no que fazia", relembra Wellington de Bessa, líder comunitário.