Um protesto em pedido de justiça pelo assassinato de um adolescente em Montes Claros, no Norte de Minas, foi mobilizado por familiares e parentes na tarde desta terça-feira (28). Josué Nogueira, de 16 anos, morreu com um tiro na cabeça, na madrugada de domingo (19), na Vila Anália.
O principal suspeito é o agente penitenciário V. A. T., de 40 anos, que chegou a ser preso mas foi solto no dia seguinte.
Nas faixas, os apoiadores carregaram mensagens de protesto ao crime e à soltura do suspeito com dizeres: “Tiro na nuca não é legítima defesa” e “Vidas negras importam”. Pelas redes sociais, o caso ganhou notoriedade com a hashtag #JustiçaPorJosué.
A manicure Ellen Teixeira, de 31, tia de Josué, disse que a manifestação teve participação de 250 a 300 pessoas que seguiram em carreata pela cidade. “Nossas expectativas foram realizadas, tivemos bastante apoio graças a Deus”, comenta. “O que a gente pede é que a justiça seja feita.”
Investigação do crime
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o assassinato. De acordo com o delegado de Homicídios, Bruno Rezende da Silveira, o agente penitenciário disse que agiu em “legítima defesa”.
O suspeito alegou que um grupo de pessoas lançou pedras e garrafas no telhado de sua casa e que, após reclamar pela quarta vez, atirou em direção ao grupo, atingindo o adolescente.
O servidor também argumentou que sofreu retaliação por parte dos frequentadores de um bar situado em frente à casa dele. Disse que o estabelecimento foi fechado pela Vigilância Sanitária, em função de descumprimento de medidas preventivas contra a transmissão do coronavírus, e que os frequentadores acham que ele foi responsável pela ida da equipe de fiscalização até o local.
No entanto, a família do adolescente desmente a versão do suspeito e sustenta que o agente penitenciário fez o disparo a sangue frio. “Foi covardia. Ele atirou no menino pelas costas”, afirma o operário Antonio José Nogueira, pai de Josué.