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Estado de Minas CIÊNCIA

Testes de vacina contra o coronavírus começam na sexta em Minas

Fase 3 dos testes clínicos da vacina chinesa deve durar 16 meses, segundo especialistas; comprovada a eficácia, é liberado o registro sanitário


29/07/2020 18:18 - atualizado 29/07/2020 19:45

Vacina chinesa começa a ser testada em Belo Horizonte na sexta-feira (31)(foto: Thibault Savary/AFP)
Vacina chinesa começa a ser testada em Belo Horizonte na sexta-feira (31) (foto: Thibault Savary/AFP)

A busca por uma vacina contra a COVID-19 e as pesquisas para comprovarem a eficácia de medicamentos para tratar a doença não param no mundo todo. Em Minas Gerais, o teste de vacina contra o coronavírus (Coronavac) em humanos começa na sexta-feira (31) e será coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Na tarde desta quarta-feira (29), a UFMG promoveu um evento de debate das contribuições das universidades brasileiras no desenvolvimento de vacinas. Pesquisadores afirmaram que essa pode ser a única resposta para o controle da pandemia.



“O remédio tem poucos efeitos se comparado com o poder de interrupção de uma vacina. A pessoa que ficou doente e tomou o remédio ainda transmite, mas a pessoa que está imune não fica doente e nem transmite”, defendeu o virologista Flávio Guimarães da Fonseca, pesquisador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas).

O professor ainda comparou com outros surtos no mundo, como ebola, gripe espanhola e dengue. “O potencial de proteção de uma vacina é essencial para o controle das pandemias. Isso que se observou desde o início do século 20 até hoje”, afirmou Flávio.

O desafio da disponibilização de vacina para toda a população também foi pauta na conversa, e os participantes sinalizaram de forma positiva para esse fácil acesso.

Antes de se pensar nisso, os pesquisadores enfatizaram que é preciso muito estudo para se ter uma vacina com eficácia comprovada.

Três pesquisadores participaram das discussões: a reitora da Unifesp e professora do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, Soraya Soubhi Smaili, Mauro Teixeira e Flávio Guimarães da Fonseca, ambos da UFMG. O debate foi mediado pela Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG. (foto: Reprodução/UFMG)
Três pesquisadores participaram das discussões: a reitora da Unifesp e professora do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, Soraya Soubhi Smaili, Mauro Teixeira e Flávio Guimarães da Fonseca, ambos da UFMG. O debate foi mediado pela Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG. (foto: Reprodução/UFMG)

“Tem que dar errado para dar certo. Precisamos de experiência e temos que ter infraestrutura”, afirmou o professor Mauro Martins Teixeira. Ele é coordenador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos (CPDF) do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, parceiro do Instituto Butantan, de São Paulo, nos testes da vacina Coronavac, formulada na China e que está na fase 3 de experimentos (teste em humanos).

A aplicação da fórmula será iniciada na sexta-feira (31) com um grupo de 800 profissionais de saúde voluntários. “Vacinar é a parte mais fácil. O difícil é o acompanhamento, o segmento a longo prazo é a grande dificuldade e a parte mais importante dessa fase de testes”, explica o professor.

Mauro explica ainda que o termo correto para designar os voluntários que vão fazer parte dessa pesquisa é “candidato vacinal”. “Ninguém vai vacinar, não temos uma vacina. A vacina só existe quando ela estiver pronta. Estamos fazendo estudos com o que sugere que é eficaz, mas a real eficácia é comprovada depois dos estudos”.

Segundo ele, essa que é chamada a “fase 3” deve durar cerca de 16 meses.

Vacinas são 'muitas'

O ciclo de conferências e seminários ‘Tempos presentes’, promovido pela UFMG, ocorreu pela primeira vez em formato on-line. Além de Flávio e Mauro, também participou das discussões a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professora do Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina, Soraya Soubhi Smaili.

Ela avalia que os distintos estudos por vacinas pode ser benéfico. “Vacinas podem ser muitas. Isso é bom, elas podem ser complementares e não competem o meio de produção”, observa.

Coronavac

A UFMG está entre 12 instituições no país que firmaram parceria com o Instituto Butantan para a fase final de testes clínicos da Coronavac, um potencial imunizante desenvolvido pela Sinovac Life Science, na China.

Ela é vista por pesquisadores uma das mais promissoras do mundo porque utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas. O Instituto Butantan avalia que sua incorporação ao sistema de saúde deva ocorrer mais facilmente.

O laboratório asiático já realizou testes em cerca de 1 mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra o coronavírus.

A farmacêutica forneceu ao Butantan as doses da vacina para a realização de testes clínicos de fase 3 em voluntários no Brasil, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança.

Caso a vacina seja aprovada, a Sinovac e o Butantan devem firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em larga escala e fornecimento gratuito pelo SUS.

Os próximos passos serão o registro do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e distribuição em todo o Brasil.

Vacina da UFMG

O professor Flávio Guimarães da Fonseca também integra a Rede Vírus, núcleo criado pelo governo federal para o combate à COVID-19.

Juntamente com o CT Vacinas, ele trabalha em um modelo bivalente de vacina, focado na modificação genética do vírus Influenza, causador da gripe, para que ele carregue consigo antígenos do SARS-CoV-2. O objetivo é que a vacina proteja o indivíduo tanto contra a gripe quanto contra a COVID-19.

Vacina de Oxford

A Unifesp conduz, no Brasil, os testes da fase 3 da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, da Inglaterra, uma das mais promissoras e em estágio mais avançado entre os cerca de 140 imunizantes em pesquisa ao redor do mundo.

Os testes são realizados com cerca de 1 mil pessoas que vivem em São Paulo e desenvolvem atividades com exposição ao coronavírus. A expectativa é que a vacina fique pronta em meados de 2021.

Entenda as etapas da vacina

Fonte: Instituto Butantan

O processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de uma nova vacina é constituído de diversas etapas tratando-se, portanto, de um processo demorado, de alto investimento e associado a riscos elevados, particularmente quando se tratam das doenças negligenciadas.

A primeira etapa: corresponde à pesquisa básica, e é onde novas propostas de vacinas são identificadas. Segunda etapa: realização dos testes pré-clínicos (in vitro e/ou in vivo) que têm por objetivo demonstrar a segurança e o potencial imunogênico da vacina.

Terceira etapa: ensaios clínicos, que é a mais longa e a mais cara do processo de P&D. Os estudos clínicos de uma nova vacina são classificados em estudos de Fase I, Fase II, Fase III e Fase IV.

Fases do ensaio/estudo clínico

  1. Fase I: é o primeiro estudo a ser realizado em seres humanos e tem por objetivo principal demonstrar a segurança da vacina. 
  2. Fase II: tem por objetivo estabelecer a sua imunogenicidade. 
  3. Fase III: é a última fase de estudo antes da obtenção do registro sanitário e tem por objetivo demonstrar a sua eficácia. Somente após a finalização do estudo de fase III e obtenção do registro sanitário é que a nova vacina poderá ser disponibilizada para a população.
  4. Fase IV: Vacina disponibilizada para a população.

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp


Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
  

Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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