A pandemia do novo coronavírus tem escancarado um problema antigo da sociedade; as desigualdades sociais. Famílias quilombolas, indígenas ou que vivem em ocupações e aglomerados em Minas Gerais estão tendo ainda mais dificuldades para ter acesso a recursos básicos como alimentação. Unidos para minimizar esses efeitos da COVID-19, a campanha Alimenta Ação, promovida pela ONG No Caminho do bem e pela Cura Amor e Barracão Aruanda, irá plantar hortas para agricultura de subsistência em comunidades tradicionais mineiras.
Desde o mês de maio a campanha Alimenta Ação tem realizado uma mobilização nacional e internacional de arrecadação de recursos financeiros, com o intuito de comprar mantimentos para doar para famílias que perderam ou precisaram paralisar seus trabalhos, que eram fonte de renda e sustento de seus lares, durante a pandemia para evitar a propagação do vírus.
“No primeiro momento, nessa fase emergencial o que a gente tinha que fazer era doar. As pessoas não podiam sair de casa, era tudo muito novo, ninguém sabia ao certo o que era essa pandemia, então o objetivo era doar, dividir para multiplicar”, explicou Negon Davidson, de 34 anos, porta voz da ONG Caminho do Bem.
Agora, em uma segunda fase do projeto, o objetivo é angariar recursos para o plantio de hortas comunitárias nas comunidades tradicionais quilombolas e indígenas atendidas durante a primeira etapa, para ajudar a resgatar essa tradição ancestral dentro dessas comunidades. "Acreditamos que é hora de arar a terra, semear bem e colher bons frutos. Cultivar o nosso alimento é empoderar-se do que nos sustenta e assim ir se libertando aos poucos da dependência cotidiana do mercado alimentício. Alimento é para o corpo e espírito. Precisamos também alimentar nossa consciência coletiva", afirmou Negon.
Primeiramente, as hortas serão feitas no Quilombo dos Arturos, em Contagem, no Quilombo dos Luízes em Belo Horizonte, na Ocupação Vitória em Pirapora e posteriormente na Aldeia Naô Xohã em Brumadinho — onde um estudo está sendo realizado para identificar se a terra do local foi contaminada pelos rejeitos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão. “A ideia é expandir isso, a princípio buscamos recursos para esses locais, mas acreditamos que quando a gente começar a cultivar essas hortas e pomares, vamos conseguir expandir para as comunidades começando aqui na pedreira onde eu moro”, disse Negon.
A campanha conta ainda com a colaboração de cerca de 30 multiplicadores (voluntários) que ajudam em diversas ações como na divulgação de vídeos e fotos da campanha em redes sociais, na convocação de amigos para participarem e aderirem ao movimento, bem como na entrega e busca dos alimentos e rifas que movimentam a ação.
“Tem a vaquinha, mas como nesse momento de pandemia nem todo mundo tem dinheiro, as pessoas podem colaborar de várias formas uma delas é compartilhando a campanha com os amigos, doando alimentos ou roupas, se disponibilizando para ajudar com a entrega de cestas, são várias formas de ajudar” afirmou o porta voz da ONG.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.